Dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, 19 são patrocinados por empresas de apostas esportivas. De acordo com dado da revista Exame, o valor total desses acordos chega a aproximadamente R$ 500 milhões por ano.
Apesar dos números não serem oficiais, a publicação estima que os maiores contratos são do Corinthians (R$ 35 milhões), Botafogo (R$ 27,5 milhões) e Cruzeiro (R$ 25 milhões).
Isso, no entanto, está prestes a mudar. Como repercutido pela Yogonet Brasil, o Flamengo aprovou a renovação do seu contrato de patrocínio com a Pixbet por R$ 90 milhões (quantia válida por dois anos), o que colocaria a equipe rubro-negra no topo dos maiores valores de patrocínios de empresas de apostas.
Há ainda a possibilidade de que a Pixbet torne-se a patrocinadora master, ocupando o maior espaço na camisa do clube - caso isso se concretize, o contrato de patrocínio será ainda mais caro, com R$ 170 milhões em vez dos atuais R$ 90 milhões previstos. A decisão final deve sair até janeiro.
Especialistas ouvidos pela Exame apontam que a entrada das empresas de apostas nos clubes se deu em um contexto de saída dos bancos como patrocinadores. “A indústria surgiu exatamente em um momento de saída de patrocínio dos bancos ao futebol brasileiro. Infelizmente, foi um período difícil que ainda teve o inesperado da pandemia, e essas empresas de betting chegaram para preencher o espaço que muitos clubes tiveram com uma grande perda de receitas naquele momento. Agora, vale deixar claro que é muito importante que o dinheiro arrecadado com os tributos após a regularização final seja empregado da melhor maneira possível, em temas importantes como saúde, educação e apoio ao esporte brasileiro”, declarou Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.
A Esportes da Sorte é a empresa de apostas esportivas que lidera o número de times patrocinados na primeira divisão do futebol brasileiro. São quatro clubes: Athletico, Bahia, Goiás e Grêmio.
"Entendemos que atrelar nossa marca aos clubes não é apenas uma forma de exposição extremamente positiva, mas também de levar aos fãs um pouco de conhecimento e do que é o mercado de apostas. Digo isto porque temos como objetivo promover interação, desde os nossos posts e vídeos em redes sociais até em ativações junto a esses times patrocinados. Queremos estabelecer uma parceria que crie conexões com essas torcidas, e por isso também escolhemos agremiações de diferentes estados e regiões do país”, afirmou o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho, também em entrevista à Exame.
Atualmente em discussão no Senado, o projeto de lei (PL) 3.626/23 regulamenta as apostas esportivas e traz novas regras, incluindo aquelas relacionadas à tributação das empresas que atuam na área.A tramitação do PL tem sido acompanhada com atenção por representantes do setor e há, inclusive, o pensamento de que algumas empresas não conseguirão se adequar à nova legislação e continuar operando no Brasil.
“A iminente regulamentação das apostas esportivas pode diminuir o número de empresas que conhecemos no mercado, já que nem todas conseguirão se adequar as novas regras, por outro lado podem atrair players internacionais de renome que ainda não atuam no Brasil, nesse sentido, as principais propriedades do futebol tendem a se valorizar já que devem ser ainda mais disputadas”, explica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).