Enquanto o governo federal espera a aprovação no Senado até a semana que vem do PL 3626/23, que regulamenta as apostas esportivas no Brasil, a preocupação com o vício em jogos de azar aumenta.
Ao fixar as regras para empresas de apostas esportivas e regulamentar direitos dos clientes, a Portaria 1.330, publicada no Diário Oficial na sexta-feira (27), o governo determina ações para garantir o jogo responsável. Além de outras regras previstas, somente maiores de 18 anos podem acessar os sites e que as empresas devem promover ações informativas sobre o transtorno de jogo compulsivo e patológico.
A medida é necessária "para prevenção e não indução ao endividamento e para proteção de pessoas vulneráveis, especialmente menores e idosos", ressalta a portaria. Sistemas internos também devem garantir um limite diário de apostas, período para pausa e um valor máximo de perdas financeiras.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também negociou ações com o Conselho Nacional Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Medidas como avisos de restrição etária utilizando o símbolo “+18” ou aviso de “proibido para menores de 18 anos”. As plataformas também não poderão falar que seu uso tem objetivos de para ganhos pessoais ou como socialmente atrativa.
Atualmente, seis a cada dez brasileiros realizaram apostas online em um período de seis meses, de acordo com levantamento da Playtech. O relatório também apontou que 46% das pessoas no país não se denominam jogadores responsáveis. No Brasil, 52% dos apostadores relataram já ter recebido alertas sobre altos níveis de jogo, com 38% admitindo ter feito uma pausa ou diminuindo a atividade após receberem esses avisos. Ainda, 14% acreditam nos esforços do governo para conter os riscos associados ao setor.
Uma reportagem do portal Exame publicada nesta terça-feira (31) traz a opinião de empresários do setor sobre o tema. Para Marcos Sabiá, CEO do galera.bet, o controle do vício precisa ser colocado como um dos principais pontos:
“Acreditamos que a indústria não deva tolerar qualquer pessoa que sofra de compulsão, portanto, é crucial que essas práticas não se restrinjam apenas às casas de apostas que demonstram alguma compreensão e preocupação com essa questão. A discussão deve ser um tema de importância abrangente para toda a indústria. Nossa empresa está comprometida em fazer do jogo responsável o foco central das conversas em meio a regulamentação, tornando-o uma obrigação para todos os operadores do sistema”.
Na busca por impedir o vício dos apostadores, o Esportes da Sorte, que patrocina dez clubes nas séries A, B e C do futebol brasileiro, oferece aos seus clientes ferramentas destinadas a ajudar no controle emocional e financeiro durante o uso da plataforma:
“Nossa empresa enfatiza sempre em nossas comunicações institucionais que o jogo é uma forma de entretenimento e deve ser abordado com responsabilidade, sem promessas enganosas de lucro fácil e garantido”, conta o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho.
Ele afirma que a empresa implementa limites de gastos, restrições de tempo de uso na plataforma, restrições temporárias para os usuários e até banimentos permanentes, além de fornecer suporte psicológico por meio de parcerias com instituições a jogadores anônimos, com o intuito de reduzir os danos à saúde dos apostadores.
Já a CEO da Bet7K, Talita Lacerda, explica o suporte que a companhia oferece: "Além de uma página no site com informações sobre o Jogo Responsável, nossa plataforma oferece uma solução completa para o jogador, com a possibilidade de bloqueio de conta, e um time de análise de risco especializado para identificar casos de comportamentos compulsivos. Nossa equipe de atendimento e suporte 24/7 é cuidadosamente treinada para identificar e acolher os jogadores com problemas com apostas, seguindo procedimentos internos para que os casos sejam devidamente encaminhados e tratados", comenta.
“A inclusão de regra para a publicidade das Bets é um passo muito importante para promover o jogo responsável. Com limites claros e mensagens de incentivo de jogos conscientes, cria-se um ambiente mais seguro para os consumidores, minimizando os riscos associados ao vício e fazendo com que o espaço seja tratado como uma forma de lazer e não uma maneira de ganhar dinheiro”, finaliza Cristiano Maschio, especialista em tecnologia de pagamentos e diretor da fintech Qesh.