ENTREVISTA COM EVERT MONTERO CÁRDENAS E JULIO CÉSAR TAMAYO

Colômbia: um mercado maduro com o desafio de regulamentar a publicidade de jogos de azar on-line sem afetar o negócio

Evert Montero Cárdenas (Fecoljuegos) e Julio César Tamayo Betancur (WPlay).
07-11-2023
Tempo de leitura 3:58 min

Durante a recente edição da SBC Summit Latin America, realizada no início de novembro em Miami, a Yogonet realizou uma entrevista exclusiva com dois importantes participantes do mercado colombiano de jogos de azar on-line: Evert Montero Cardenas, presidente da Fecoljuegos (a associação que reúne as principais operadoras nacionais de jogos de azar), e Julio Cesar Tamayo Betancur, presidente da WPlay, um dos mais importantes sites de jogos de azar do país.

Na conversa, ambos concordaram que o novo governo colombiano decidiu regulamentar a questão da publicidade devido a um amadurecimento e saturação do mercado, alcançados porque nem todos os participantes se ajustaram a uma autorregulamentação responsável da questão.

Montero Cárdenas, diretor da Fecoljuegos, explicou: "Acaba de sair uma regulamentação para a questão da publicidade de jogos de azar, e essa é uma questão que nos levou a refletir muito sobre o que está acontecendo com a publicidade na Colômbia, sobre até que ponto podemos implementar ou como podemos implementar uma regulamentação sobre essa questão, e como isso pode nos afetar", disse o diretor da associação.

"Estamos trabalhando para nos adaptarmos a essas novas propostas, com um governo de mudanças, em que definitivamente temos que nos adaptar à sua maneira de ver as coisas e de considerar o setor. E parte dessa visão, acredito, vai acabar influenciando o mercado: a situação econômica às vezes traz muitas dificuldades, mas também é uma terra de oportunidades e estamos tentando ver como podemos capitalizar essas oportunidades, para ter um setor muito mais sustentável ao longo do tempo", acrescentou o representante de grande parte das operadoras que atualmente operam em território colombiano.

Quando perguntado se considera necessário educar e fornecer mais informações ao novo governo, para entender se as novas medidas decorrem de uma falta de conhecimento do mercado ou de uma decisão política, Montero Cárdenas disse:

"Acho que há parte de ambos. Essa é uma atividade que, pelo menos até muito recentemente, era realmente desconhecida pelo próprio proprietário do monopólio, que é o governo. Simplesmente existia esse monopólio, mas não se pensava nele ou até onde ele ia, o que ele tinha a oferecer e como poderia ser mais explorado, ou como poderia ser fortalecido. Muitas vezes, nem mesmo estava claro qual era a sua importância na economia e na geração de recursos. Hoje, por exemplo, os últimos dados do DANE, o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, mostram que esse setor foi o que impulsionou o PIB do país: o setor de entretenimento foi fundamental, e na vanguarda do setor de entretenimento estão os jogos de azar on-line.

Em concordância, Julio César Tamayo Betancur, presidente da Wplay, explicou com exclusividade à Yogonet que a Colômbia está "a seis anos e meio da regulamentação e operação legal de jogos de azar on-line".

"Foi em 2017 que o primeiro operador começou, em maio ou junho, portanto, já estamos nessa realidade há mais de seis anos. Atualmente, estimo que o mercado está crescendo um pouco mais de 30% ao ano e tem 16 concorrentes, embora tenha se concentrado praticamente em quatro operadoras. Temos um mercado muito concentrado nessas quatro operadoras, com uma operadora principal muito forte em nível tecnológico", resumiu.

Sobre a questão da publicidade, Tamayo Betancur disse que "as novas regulamentações de publicidade nos imporão desenvolvimentos tecnológicos como mercado e nos obrigarão a gerar propostas de tecnologia para controlar os jogadores de risco. Essa é uma questão muito importante para o setor em nível governamental, pois houve intenções por parte das novas autoridades de avançar em questões que, em sua opinião, estavam atrasadas no setor. A mais importante delas é a regulamentação da publicidade, que era uma questão que estava sendo discutida na Colômbia há dois anos. Trabalhamos em conjunto com as associações em um código de autocontrole que foi apresentado ao governo. Mas o governo decidiu regulamentar a questão em vez de permitir que as casas de jogos se autocontrolassem", explicou o empresário.

O mercado", acrescentou ele, "está atingindo um pico de registro de usuários, e tudo o que resta é trazer os jovens que estão chegando à idade adulta. Acho que quem gosta de esporte e de apostas esportivas já participa... e se não apostou em nenhuma das plataformas, é porque decidiu nunca apostar".

"O nível de publicidade no esporte, e mais especificamente no futebol colombiano, é muito alto. A WPlay patrocinava, por exemplo, 19 times na Colômbia, hoje tem 12 times entre seus patrocínios e há um concorrente que patrocina a liga. Portanto, estamos vendo níveis de concentração de publicidade no esporte que falam de uma maturidade muito clara do mercado, e acho que já a consolidamos: o desenvolvimento será em outros níveis de mercado", acrescentou.

"O melhor que poderia ter acontecido seria que todas as operadoras e associações se autorregulassem, porque participamos de uma discussão de um ano e meio em mesas de trabalho e não atingimos esse objetivo. O modelo tinha uma desvantagem: ele não obrigava aqueles que entravam no mercado a seguir essas diretrizes, e isso nos causava muitas dúvidas, porque eu podia reservar ativos de publicidade para cumprir esse compromisso mas aqueles que entravam no mercado não tinham obrigação de fazê-lo", disse Tamayo Betancur.

"Gosto muito do caminho da autorregulamentação por causa do aspecto humano, porque permitiu que a pessoa trabalhe na autorregulamentação e se comprometa com aquilo em que acredita. Quero isso em minha vida, quero isso em minha organização e acho que isso também é bom para o setor: temos que transmitir essa mensagem social", concluiu o empresário, assegurando que "foi elaborado um documento muito sério, liderado por Coljuegos, sobre regulamentação."

"Mas o novo governo tem uma perspectiva diferente, e eu entendo que a Colômbia está dentro do prazo regulamentar. A Colômbia emitiu sua regulamentação em 2016, a primeira operação foi aberta em 2017 e hoje atingimos um pico de saturação de publicidade. A verdade é que essa saturação de publicidade em larga escala abriu caminho para que o novo governo tomasse uma decisão e regulamentasse esse aspecto do nosso negócio", concluiu. 

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