Lucas Paquetá, Sandro Tonali, Nicolo Zaniolo, Bryan García, Alef Manga… Esses são alguns dos jogadores recentemente investigados por envolvimentos com apostas ou manipulação de resultados. Manter a integridade do esporte é uma das grandes preocupações em um cenário no qual o mercado de apostas cresce.
Em sua coluna no site Máquina do Esporte, Ana Teresa Ratti, mestra em Administração que trabalha com gestão esportiva, refletiu sobre os impactos desses escândalos para a carreira dos atletas. Além da falta de lealdade com os torcedores e o time que representa, o jogador também sofre danos graves em sua marca pessoal, perdendo oportunidades profissionais e encarando longas suspensões.
Citando uma declaração de José Francisco Manssur, assessor especial do Ministério da Fazenda e uma autoridade sempre presente em discussões sobre apostas, Ratti trouxe à tona a importância da conscientização para os atletas.
Alef Manga, ex-Coritiba, foi suspenso por 360 dias em caso de manipulação de apostas
Muitas vezes, os jogadores são procurados com a promessa de um ganho fácil: bastaria provocar uma falta e levar o cartão amarelo para receber uma alta quantia na sua conta, por exemplo.
No entanto, o ganho “fácil”, quando descoberto, pode acabar custando sua carreira e toda a credibilidade que levou anos para construir. Na opinião de Manssur, citada por Ratti, a orientação precisa começar na categoria de base, quando o atleta ainda está dando seus primeiros passos no mundo do esporte profissional.
“É ali que os clubes, as entidades de administração e o próprio governo devem atuar para orientar esses atletas da base sobre os riscos e os perigos de entrar num processo de manipulação de resultados. Educação é a base. Informação é a base”, defende Manssur.
A colunista do Máquina do Esporte traz ainda a declaração de outro representante do setor para corroborar seu ponto de vista. De acordo com Guilherme Buso, executivo da Genius Sports e diretor da Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte (Abradie), existe uma falsa ideia, entre alguns atletas, de que levar um cartão amarelo propositalmente para beneficiar apostadores específicos não seria algo tão grave.
“É necessário que atletas e todos os envolvidos no esporte entendam a importância e a relevância da aposta esportiva e como isso funciona. Vemos claramente nas declarações recentes de jogadores envolvidos em manipulação de resultados o tanto que o ‘amarelinho’ e o escanteio não geram tanta preocupação em evitar ou não eram vistos como algo de manipulação, enquanto na verdade são. A gente começa a usar o termo ‘manipulação de ações’, que não é o resultado em si”, afirma Buso.