O Comitê de Finanças da Câmara dos Deputados do Chile decidiu por unanimidade rejeitar o projeto de lei que busca regulamentar o setor de jogos de azar on-line e apostas esportivas após ter discutido e aprovado a carga tributária proposta.
De acordo com o procedimento parlamentar chileno, o projeto de lei passará agora para a câmara ou plenário da Câmara dos Deputados, onde será analisado, debatido e, por fim, aprovado. Ao final desse processo, ele continuará a ser discutido no Senado.
A subsecretária de Finanças, Heidi Berner, defendeu os artigos sobre tributação e, durante a discussão do texto na Comissão de Finanças, confirmou que a iniciativa manterá a categoria de urgência urgentíssima do Executivo, uma vez que "as plataformas são ilegais, não pagam impostos, não garantem os direitos do consumidor e não cumprem a Lei de Proteção de Dados".
Na época, o Comitê de Economia e Desenvolvimento da Câmara dos Deputados aprovou a criação de um imposto específico de 20% para as operadoras de iGaming, que não substituirá o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que também será aplicado. Eles argumentaram que o objetivo era estabelecer uma exigência fiscal semelhante à dos cassinos físicos.
A esse respeito, o advogado Carlos Baeza, representante no Chile das casas de jogos on-line Betano, Betsson, Coolbet, Betwarrior e Latamwin, disse que as plataformas de iGaming continuam preocupadas com a aprovação de uma carga tributária que, conforme determinado, seria equivalente a 38%.
Carlos Baeza
"O Chile seria um dos países com a estrutura tributária mais alta do mundo, o que gera uma menor canalização, conceito que descreve a transferência de usuários de um mercado não regulamentado para um regulamentado, um desincentivo para gerar operações no país e, portanto, uma menor arrecadação de impostos", disse o especialista.
Sobre o período de cooling off também aprovado, o que significa as operadoras atuais não podem participar imediatamente do mercado regulamentado, Baeza advertiu que "esse desenho regulatório proposto pelos cassinos físicos e pela Polla de Beneficencia afeta diretamente os usuários".
"Ao minar a livre concorrência e impedir o acesso de jogadores que hoje prestam um serviço de classe mundial e que atenderiam a todos os requisitos para operar no período de transição, reduz-se uma oferta que protege a segurança dos usuários e cujos processos são certificados por padrões internacionais", disse ele.
"É essencial que as futuras regulamentações coloquem os interesses dos usuários em primeiro lugar, seguindo o exemplo do que está acontecendo em mais de 70% dos países da OCDE, que optaram por promover a criação de um mercado competitivo, como foi feito em outros países, como Canadá, EUA e Colômbia", concluiu o advogado.