ARGENTINA

Possibilidade de os cassinos de Buenos Aires abrirem 24 horas gera tensões entre os sindicatos

18-12-2023
Tempo de leitura 2:38 min

Os trabalhadores dos cassinos da Província de Buenos Aires estão enfrentando a nova temporada turística de verão com diversas questões ainda não resolvidas. Além dos cortes na contratação de pessoal temporário, existe agora a possibilidade de os cassinos ficarem abertos 24 horas por dia, o que gerou muita tensão entre os sindicatos.

Em entrevista ao meio de comunicação El Retrato de Hoy, de Mar del Plata, Cristian Echeverría, diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Cassinos, Loterias, Agências e Hipódromos, criticou duramente Marcos Labrador, representante da Associação dos Empregados de Cassinos (AECN), por suas ligações com a política e sua posição sobre a possibilidade de manter as salas de jogos abertas 24 horas por dia durante o verão.

"Marcos Labrador é um mentiroso, que enganou as pessoas para fazer política, porque ele não tem estrutura política. Ele fez com que montassem uma academia falsa, dizendo que em janeiro eles começariam a trabalhar, para atrair essas pessoas e fazê-las votar no (Sergio) Massa. É uma vergonha o que eles fizeram, eles extorquiram as pessoas", disse Echeverría, referindo-se à campanha do ex-candidato à presidência.

Sobre os empregos temporários, o sindicalista destacou que o Instituto Provincial de Loterias e Cassinos de Buenos Aires (IPLyC) declarou que não vai contratar pessoal, "ainda mais agora que há uma mudança de autoridades", disse ele, referindo-se à saída do atual presidente Omar Galdurralde, que deixaria o cargo e seria substituído por Gonzalo Atanasof.

Echeverría enfatizou que o Estado "tem que ter independência" do setor privado. "Se o setor privado quiser abrir 24 horas por dia, o Estado não pode dar isso ao setor privado. As autoridades têm de vestir as calças e tomar as rédeas da situação, definindo as horas em que o cassino deve abrir e como deve funcionar, conversando com os funcionários e autoridades do cassino para que eles digam como realmente funciona", disse ele.

O sindicalista explicou que o horário de 24 horas será implementado, mas que até que as novas autoridades da Loteria da Província de Buenos Aires tomem posse, não é possível confirmá-lo. "Temos que nos sentar com as autoridades, que estarão no comando da loteria pelos próximos quatro anos, e tentar criar uma mesa de consenso e diálogo, propondo as melhores condições de trabalho para os trabalhadores", disse ele.

De acordo com Echeverría, essa eventual extensão de horas se daria pela necessidade de competir com as salas de bingo, que permanecem abertas no mesmo horário, mas ele também apontou contra o setor privado. "Isso ocorre porque o setor privado precisa que os caça-níqueis estejam abertos 24 horas por dia. A extensão das horas que eles querem estender é uma loucura", disse ele.

Nesse sentido, ele considerou que mais horas de trabalho não garantem um número maior de novas contratações ou rendimentos mais altos.

"A questão é que, se o número de pessoas e a receita não andarem de mãos dadas, é inútil. Se você abre o cassino em uma quarta-feira às 5 horas da manhã e não tem nem duas pessoas dentro do cassino, é uma loucura. É uma perda, porque você não pode tolerar isso. Tem que haver um monitoramento do que a exploração do jogo precisa e, em relação a isso, abrir o salão nos horários em que ele tem que ser aberto", enfatizou.

Por fim, o sindicalista criticou a falta de diálogo e expressou sua insatisfação com a administração de Galdurralde. "Não tivemos esse diálogo com a administração anterior, porque foi uma das administrações mais corruptas que vimos na história da Loteria, acompanhada pelos sindicatos majoritários que fazem política barata", disse ele.

"Agora, com essa nova administração, esperamos poder chegar a um consenso e ter uma porta aberta para dizer a eles qual é a nossa visão sobre os jogos de azar na província de Buenos Aires, a fim de explorar melhor tudo e beneficiar melhor os trabalhadores. Estamos dizendo há muito tempo que temos que dar uma porcentagem das licenças on-line aos trabalhadores, mas ninguém fala sobre esse assunto", concluiu Echeverría.

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