LEI 14.790/23

Especialistas opinam sobre a regulamentação de apostas esportivas

Fabiano Jantalia, sócio-fundador do Jantalia Advogados.
12-01-2024
Tempo de leitura 2:15 min

A IstoÉDinheiro entrevistou empresários e especialistas do setor de apostas sobre a aprovação da regulamentação pelo presidente Lula. 

Na visão de Fabiano Jantalia, sócio-fundador do Jantalia Advogados e especialista em direito de jogos, a medida é positiva.

“A principal inovação trazida pela nova lei é a regulamentação definitiva das apostas esportivas de forma legal. Até então, nós tínhamos a Lei 13.756, que estabelecia um início de regulação, de 2018. Mas ela estabelecia apenas a possibilidade de exploração, mas não define a forma como isso se daria. Com a nova lei, foi um efetivo marco regulatório. Com a definição de regras procedimentais de requisitos para a obtenção das autorizações, de regras gerais que deveriam ser cumpridas e de agentes operadores” , afirmou ao site.

O texto prevê novas possibilidades de forma legítima para o apostador, antes restritas aos resultados de competições esportivas. Jantalia explica:

“Durante a tramitação no Congresso Nacional essa possibilidade foi ampliada. Você passou a ter as apostas de quota fixa também possíveis para os chamados jogos online. Isso abriu a possibilidade que cassinos online e também jogo do bicho online sejam explorados licitamente.”

Na visão de Leonardo Baptista, CEO e cofundador da Pay4Fun, instituição de pagamento que oferece serviços financeiros para mais de 500 empresas do setor, a medida deveria ter ocorrido no Brasil há muito tempo.

“O jogo deveria ser regularizado no Brasil desde sempre. Isso é uma hipocrisia. Nós sabemos que o jogo está aí desde sempre. E com o mercado regulado isso traz um ‘baseline’, ou seja, uma régua mínima que todo mundo vai ter que seguir. Ou segue as regras ou não opera. Aí cabe o governo também fiscalizar aquilo que colocou.”


Leonardo Baptista
Baptista explica que isso deve atrair operadores estrangeiros, que não operavam no Brasil por não ter uma regulamentação.

“Muito se falou dos 134 operadores que se candidataram à licença. Mas acredito que o número mágico é entre 150 e 200 operadores que vão pedir a licença. Essa é uma lista preliminar e tem muita gente grande que ainda não está nela. Como no mercado americano, que é altamente regulamentado. Um dos nomes, para se ter uma ideia, é do Hard Rock Group.”
 
Sobre impostos:

“Com a regulamentação, vai elevar o nível do mercado. Lógico, eles vão começar a pagar um imposto que não pagavam anteriormente. Eles são obrigados a ter uma sede no Brasil, com representante aqui, o que dá muito mais transparência e credibilidade para a operação. Então fica bom pra todo mundo.” 

A lei ainda requer uma lapidação e seus detalhes serão definidos por meio de portarias, que deve ocorrer em até 180 dias.

“O governo precisava aprovar a regulamentação dos jogos. Agora está no colo do Ministério da Fazenda soltar portarias para cada um dos verticais, das áreas que impactam o jogo legal no Brasil. Por exemplo, vai ter uma portaria específica para métodos de pagamento. Eles vão soltar isso o mais rápido possível porque eles precisam do dinheiro. É uma arrecadação grande para eles.

Existe um valor no qual o jogador pode ter um ganho e vai ser cobrado imposto em cima disso, só que do jeito que chegou a lei ao presidente, a apuração do imposto seria anual. O Lula vetou isso e colocou que o tempo deve ser estabelecido pelo Ministério da Fazenda.”

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