O editor do site BNLData e presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), Magnho José, publicou um artigo em que analisa a situação do setor no Brasil. Em sua visão, a demora na discussão da legalização dos jogos físicos (como cassinos) fez com que uma grande quantidade de investimentos fosse direcionada para as apostas online.
“Já se foi o dia em que o mercado aguardava ansiosamente a legalização de jogos pelo legislativo. Apesar da esperança na aprovação do PL 2234/22 ou PL 442/91, que legaliza cassino em resort, turístico e fluvial, bingo, jogo do bicho e jogo online sempre ser aguardada pelos players, o mercado e seus interlocutores cansaram de esperar e partiram para investimentos nas oportunidades das verticais que já foram legalizadas e regulamentadas”, analisa José.
Ele acrescenta que os maiores perdedores em um cenário de mercado não regulado são o governo e a sociedade. “Esta afirmação deveria ser razão suficiente para a legalização, porém décadas de espera confirmam que não é. O segundo maior perdedor é o consumidor final, que tem sua variedade de ofertas limitada e no mercado ilegal de forma não regulamentada”, diz.
José aponta ainda que, ao não regulamentar o mercado, o governo acabou contribuindo para a sua expansão. Isto é, empresas de apostas puderam operar com custos reduzidos devido à falta de exigência de pagamento de impostos.
Por outro lado, em sua opinião, deveria ter sido feita a regulamentação de todas as modalidades de jogos, não apenas de parte dela. “O governo acertou quando finalmente legalizou as apostas esportivas e os jogos on-line, porém começar pelo ‘telhado’ ao legalizar parte e não o todo, na realidade fortaleceu ainda mais a ilegalidade dos que ficaram de fora. Ganha meia dúzia, perde mais de cem. Ao legalizar parte, errou no alvo e perdeu o ‘timing legislativo favorável’ para legalizar de vez toda a demanda de jogos e apostas disponível no Brasil”.
O editor do BNLData cita ainda o crescimento das loterias estaduais e municipais. A cada dia, novos estados e municípios avançam com a criação de suas próprias ofertas de jogos, visando ao aumento da arrecadação.
“O mercado de loterias estaduais e municipais talvez seja atualmente o maior setor em crescimento, porém ao contrário do exposto acima, não apresenta o benefício de amadurecimento do mercado a custo zero. As loterias estaduais e municipais regulamentaram e estabeleceram seus impostos e repasses antes do início de qualquer exploração pela iniciativa privada em suas regiões”, escreve.
José afirma que muitas empresas, cientes da enorme oportunidade que as loterias municipais e estaduais representam, estão em fase de estudos para produtos voltados a essa demanda.
O especialista finaliza o texto apontando o sucesso do BiS SiGMA Américas (que acontece até quinta-feira, dia 25, em São Paulo) como “uma clara demonstração que o mercado de jogos brasileiro vem alcançando a sua plenitude, mesmo com todo discurso preconceituoso e equivocado contra o setor no Legislativo”.