A empresa Enjoy, operadora do setor de jogos na América Latina, está em processo avançado para vender parte de seus ativos no Chile para o grupo mexicano Logrand, enquanto no Uruguai outros investidores estão interessados no antigo Conrad.
De acordo com o jornal chileno Diario Financiero, a Enjoy está em "um nível profundo de negociações para fixar os ativos e os preços" que a Logrand oferecerá por seus cassinos. O resultado de todas essas negociações será conhecido em 18 de junho, quando eles deverão apresentar o plano de reorganização à assembleia de credores, que definirá como e quando eles pagarão suas dívidas.
As negociações com os credores já estão em estágio avançado e eles estão buscando alcançar o maior consenso possível na reunião para desbloquear e concluir a reorganização rapidamente, acrescentou o mesmo meio de comunicação.
Eles explicaram que a diretoria da Enjoy, bem como os bancos e os consultores jurídicos, não pararam de conversar com os credores e potenciais compradores para obter seu feedback sobre o plano. Enquanto isso, a outra frente da empresa, a investigação sobre um possível conluio no setor de cassinos, que está sendo realizada pela Procuradoria Econômica Nacional (FNE), já está em seus estágios finais, depois que todos os envolvidos foram convocados para depor. Além disso, se houver uma multa para a empresa, tudo estará protegido nos contratos para que o novo proprietário não tenha que pagar do próprio bolso.
No caso chileno, fontes próximas ao processo indicam que a Logrand não manteria todas as operações, já que locais como Viña del Mar, Coquimbo e Pucón foram conquistados na última licitação por preços "estratosféricos" e eles prefeririam encerrar essa licitação, pagando os consequentes bônus de garantia.
Nesse caso, outras operadoras, como a Dreams e a Marina del Sol, estariam buscando participar de uma possível nova licitação para esses locais, ou até mesmo que os novos acionistas da Enjoy decidam concorrer novamente, mas a preços muito mais realistas do que os oferecidos na última oportunidade.
Punta del Este
No caso do estabelecimento uruguaio, já existem cinco interessados em conversas avançadas, embora ainda sem ofertas vinculantes. Seriam empresas imobiliárias da América Latina, Europa e Ásia. Naquele país, o hotel próximo à praia e com alta ocupação, além de ser um ponto icônico do país, é o que mais atrai. O cassino é um diferencial, mas não o principal ativo.
Na verdade, alguns especialistas do setor acreditam que o setor de cassinos no Uruguai como um todo perderá seu brilho na próxima década, pois esperam que o Brasil aprove cassinos físicos, após a aprovação dos jogos de azar on-line no final do ano passado, e que os operadores de Punta del Este percam seu público.
"O Conrad hoje vale menos da metade disso. Com sorte, cerca de US$ 50 milhões. Eles o compraram por US$ 350 milhões", disse uma pessoa do setor, referindo-se ao alto investimento que a Enjoy fez quando era controlada pela família Martínez.
No entanto, as pessoas próximas à empresa descartam que as negociações sejam influenciadas pelos futuros cassinos no Brasil, porque nos últimos tempos eles têm promovido o Conrad como um polo turístico mais do que apenas um cassino. De fato, de acordo com o Diario Financiero, eles têm várias alianças para trazer público direto dos Estados Unidos ou da Europa em voos particulares para a praia uruguaia. Além disso, como eles conhecem tão bem o público brasileiro, alguns não descartam que na nova fase da Enjoy eles possam decidir apostar no Brasil.
No final de 2023, já havia sido noticiado sobre "uma pequena lista de candidatos" para a eventual venda das operações da Enjoy em Punta del Este, cuja administração está a cargo da empresa ASSET Chile. De acordo com as fontes do Diario Financiero, estimava-se que a operação ocorreria em 2024 e que todas as alternativas haviam sido avaliadas: "Desde a venda de parte dos ativos até a parceria na propriedade com um player global".