ARTIGO DE PAULO CAMPOS

Ex-superintendente Nacional de Loterias afirma que Caixa não se preparou para o novo mercado de loterias e apostas

29-05-2024
Tempo de leitura 2:40 min

Em artigo para o site BNLData, o ex-superintendente Nacional de Loterias – SUALO da Caixa Econômica Federal Paulo Campos critica a inação da estatal em aproveitar o pungente mercado de loterias e apostas, que se expande rapidamente no Brasil a partir da regulamentação da lei 14.790/23.

"A partir disso, podemos concluir que a Caixa teve um prazo superior a cinco anos para adotar uma estratégia de enfrentamento nesse novo mercado", ele escreve, apenas para arrematar: "E o que a CAIXA realizou nesse período? Pouco ou nada!".

Leia o artigo abaixo: 

Invariavelmente, as pessoas nos perguntam se a CAIXA está dormindo em berço esplêndido no mercado de loterias e jogos, diante de todas as mudanças ocorridas e das novas conjunturas que marcam um negócio no qual a empresa sempre deteve uma notória expertise.

Poucos segmentos mercadológicos, em que a CAIXA atua, sofreram tantas mudanças como o do lotérico. Certamente, a principal mudança foi a decorrente da perda do monopólio da União em explorar as loterias, que sempre o fez por intermédio da CAIXA Econômica Federal.

E isso ocorreu, primeiramente, com o advento da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018 (há mais de cinco anos), legalizando as chamadas “apostas de quota-fixa relativas a eventos reais de temática esportiva” (“apostas esportivas”), que consiste em um sistema de apostas relacionadas a esportes e que deveria ser explorada, exclusivamente, em ambiente concorrencial, sendo sua comercialização possível em quaisquer canais de distribuição comerciais físicos e virtuais (internet).

Em seguida, em setembro de 2020 (há menos de três anos), o STF julgou que a competência da União para legislar exclusivamente sobre sistemas de consórcios e sorteios e loterias não impedia os estados de explorar essas atividades.

Isso sem contar o surgimento da CAIXA Loterias S.A., cuja constituição foi deliberada e aprovada em 1º de outubro de 2015, pelo Conselho de Administração da CAIXA, por meio da Resolução de Ata nº 253/2015, e constituída desde então como subsidiária integral.

Voltando a abordar a Lei nº 13.756, convém lembrar que o Governo Bolsonaro manteve ‘no limbo’ o funcionamento desse setor, em decorrência da falta de regulamentação do referido diploma legal. A regulamentação somente ocorreu há menos de quatro meses.

A partir disso, podemos concluir que a CAIXA teve um prazo superior a cinco anos para adotar uma estratégia de enfrentamento nesse novo mercado, tanto no desenvolvimento de novos jogos, quanto no estabelecimento de parcerias com outros players do mercado internacional de jogos.

E o que a CAIXA realizou nesse período? Pouco ou nada!

Convém lembrar que, desde 2022, com a aprovação da Lei nº 14.455, o Poder Executivo está autorizado a instituir os produtos lotéricos denominados Loteria da Saúde e Loteria do Turismo.

Sequer essas loterias foram lançadas pela CAIXA nesse período. Tampouco, houve o lançamento dos jogos eletrônicos já desenvolvidos pela equipe da área de loterias da empresa, que estava ávida para estrear nesse novo segmento (de jogos eletrônicos).

Não é de se surpreender que, apesar do aumento do valor das apostas em abril de 2023, a introdução do terceiro sorteio da Mega-Sena em agosto de 2023 e da melhor Mega da Virada da história, a arrecadação das loterias federais em 2023 tenha sido pífia, superior apenas 0,9% em relação à de 2022.

Lamentavelmente, faltando um pouco mais de dois anos e meio para o final deste mandato do Governo Lula, somos obrigados a reconhecer o quanto a CAIXA desperdiçou todos os pontos positivos que permitiriam uma atuação “avant première”.

Contudo, ainda há tempo para a CAIXA reagir e consolidar sua posição de liderança no mercado de loterias, apostas e jogos. A empresa precisa investir em novos produtos e serviços, fortalecer suas parcerias com outras empresas e adotar uma estratégia de marketing mais agressiva.

É importante lembrar que a CAIXA possui diferenciais competitivos que podem ser explorados para se destacar no novo mercado, como sua expertise no segmento, tecnologia e uma rede de distribuição sem igual. Se a empresa souber utilizar esses diferenciais de forma estratégica, poderá continuar a ser a referência no mercado de loterias.

Continuamos a torcer por isso.

 

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