O jornal O Globo publicou um editorial no domingo, dia 2 de junho, analisando desafios e perspectivas para o setor de apostas esportivas. No texto, o veículo opina que a regulamentação das bets foi um avanço, mas que a complexidade do tema vai além.
“Com acesso pela internet a sites hospedados em servidores fora ou dentro do país, os brasileiros já movimentavam por ano, segundo o próprio governo, R$ 100 bilhões nessas apostas, sem pagar um centavo de impostos. Mas o problema das apostas jamais se resumiu à arrecadação. Mais importante que a questão tributária é a necessidade de uma fiscalização que garanta a lisura em toda a cadeia dessa nova indústria — da aposta ao pagamento dos vencedores”, diz O Globo.
Lucas Paquetá (imagem: divulgação/Instagram)
O jornal cita, então, denúncias de manipulação ocorridas no Brasil e no exterior. A mais recente envolve Lucas Paquetá, meia do West Ham e da seleção brasileira, acusado pela Federação Inglesa de levar cartões amarelos propositalmente para favorecer apostadores.
“Com as bets operando na legalidade, casos desse tipo não podem mais ocorrer. Para manter não apenas a credibilidade das apostas, mas a própria imagem do futebol brasileiro. É preciso ter garantias de que mesmo apostas em campeonatos menores estejam à prova de fraudes, pois elas também podem gerar muito dinheiro em prêmios aos apostadores”, defende O Globo.
O editorial cita ainda a preocupação com o uso de inteligência artificial (IA). “À medida que as estatísticas esportivas forem devassadas pelas análises sofisticadas dos robôs de IA, ela tornará os sistemas de apostas mais personalizados aos gostos e inclinações dos apostadores. Alguns eventos já podem ser previstos com precisão de até 90%, de acordo com o site especializado em tecnologia TCMNet. Isso pode tornar as apostas muito mais seguras e atraentes, mas também abre a porta para uma vantagem desleal a quem obtiver acesso a tais ferramentas”, afirma.
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Por fim, O Globo defende que as empresas, além de seguir todas as exigências de segurança e infraestrutura, filiem-se a organismos de monitoramento de integridade. Na visão do jornal, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), as federações e o poder público também têm responsabilidade nessa tarefa.
“O monitoramento deve ser permanente, e deve haver uma estrutura robusta de investigação dos casos suspeitos. Do contrário, as bets correm o risco de se tornar um gol contra o futebol brasileiro”, conclui.