Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, dia 4 de junho, a diretora-presidente da Caixa Loterias, Lucíola Aor Vasconcelos, afirmou que a empresa estuda o lançamento de novos produtos para enfrentar a concorrência no mercado brasileiro de jogos.
Isso inclui a volta da loteria instantânea (raspadinha), descontinuada em 2015, e as apostas de quota fixa, que devem ser operadas pelos agentes lotéricos, segundo a Agência Câmara.
A audiência foi realizada no âmbito da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle para discutir o repasse das loterias federal para uma subsidiária da Caixa Econômica Federal, no caso, a Caixa Loterias.
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Lucíola Aor Vasconcelos já havia reforçado os planos da estatal de explorar o mercado de apostas esportivas em entrevista publicada pelo site e pelo canal do YouTube da Corporação Iberoamericana de Apostas e Loterias do Estado (CIBELAE).
“A gente tem acompanhado esse desenvolvimento de regulamentação pelo Ministério da Fazenda. A Caixa fez a manifestação de interesse em operar em apostas esportivas. É claro que a gente tem que passar por todo o processo. Todo crivo que o Ministério da Fazenda vai fazer, com habilitação de documentação e requisitos que são exigidos, mas a gente vai entrar dentro do processo, como todos os outros players têm entrado”, afirmou Vasconcelos no final de maio.
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Na audiência pública de ontem, a dirigente disse que a criação da subsidiária permite que a Caixa foque melhor no negócio. As mudanças nos últimos anos, com o surgimento dos jogos virtuais e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2020, que quebrou o monopólio da União para explorar loterias, abriram espaço para os estados criarem seus próprios sorteios.
“Temos de entender que loterias é uma atividade diferente de um negócio bancário”, disse a executiva da subsidiária. “Então, o que a gente fez é trazer de uma ‘areazinha’ dentro de uma vice-presidência, na Caixa, para uma empresa exclusiva para isso, com estrutura exclusiva, com foco exclusivo”, declarou.
Lucíola afirmou que os novos produtos devem melhorar o ambiente de negócios das 13,3 mil agencias lotéricas que vendem jogos da Caixa. Hoje, segundo relatos de deputados que participaram da audiência, os lotéricos convivem com baixo retorno financeiro.
Ela também rebateu as críticas quanto à possibilidade de privatização das loterias federais, e disse que não há previsão de perda de controle estatal e que a gestão da rede lotérica continua dentro da Caixa.