Em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado nesta terça-feira, 11 de junho, o procurador-geral do Ministério Público (MP) de Goiás, Cyro Terra Peres, e o promotor Fernando Martins Cesconetto, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), revelaram detalhes sobre as inveStigações da operação Penalidade Máxima.
A operação teve início em novembro de 2022 a partir de denúncia do então presidente do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo, sobre a manipulação em três jogos da Série B do Campeonato Brasileiro para favorecer apostadores.
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A operação então se expandiu, já passou por quatro fases e tem grande repercussão em diversos estados do país, envolvendo suspeitas de manipulação em jogos da série A do Campeonato Brasileiro e em jogos de torneios estatuais. Até agora, 32 pessoas foram denunciadas, nove como integrantes da organização criminosa e o restante por ter participado de corrupção desportiva, afirmou Cesconetto no depoimento.
Os integrantes do MP goiano afirmaram que “jogadores foram aliciados para receber cartões amarelos ou vermelhos, de propósito, também para segurar a derrota parcial de seus tempos por tempo determinado, tudo em troca de contribuição financeira elevada”. Cesconetto afirmou que as propinas chegavam até R$ 500 mil, como detalha vídeo feito pela TV Senado:
Integração das informações
Cyro Peres declarou que o Brasil deveria ter, a exemplo de outros países, uma plataforma nacional para reprimir a manipulação de resultados, que tende a crescer com a regulamentação da atuação de casas esportivas no país.
"Creio que se nós criássemos, como já existe em outros países, uma espécie de plataforma nacional que permitisse detectar, reprimir e punir esse tipo de fato, com Ministério da Justiça, Ministério da Fazenda, Ministérios Públicos, Polícia Federal, Polícia Civil e as entidades esportivas, isso faria com que a informação fluísse de uma maneira rápida e chegasse às autoridades com capacidade de apuração", sugeriu, segundo a Agência Senado.
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Ainda sobre o tema cooperação, o promotor Fernando Cesconetto defendeu a adesão do Brasil à Convenção de Macolin, que trata do combate à manipulação de resultados esportivos. A convenção, elaborada pela comunidade europeia, completa 10 anos em 2024 e já tem as assinaturas de mais de 60 países.
"É necessário que as autoridades conversem como é feito no âmbito federal: a Polícia Federal, a Interpol, mas também as demais autoridades. Então uma ratificação dessa convenção traria instrumentos jurídicos válidos para as autoridades brasileiras poderem agir com a celeridade necessária e com foco o espírito de cooperação que marcam essa própria convenção" defendeu.
Eles ainda afrimaram que as bets são “vítimas desinteressadas” em casos de manipulação, já consideram provavelmente consideram embutidas no custo do negócio as possíveis perdas nesses casos
De acordo com Cesconetto, em apenas uma rodada, alguns apostadores chegaram a lucrar R$ 712 mil com manipulação em cinco jogos, em detrimento de uma casa esportiva, que, apesar da perda, não denunciou irregularidades. Após questionamento do relator, os promotores citaram a Bet 365 e a Betano como as empresas que mais perderam com as manipulações investigadas.