Depoimentos de Felippe Marchetti e Tiago Horta Barbosa

Representantes da Sportradar e Genius Sports alertam sobre vulnerabilidade do Brasil a manipulações de resultados

Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado
19-06-2024
Tempo de leitura 2:30 min

O gerente de parcerias de integridade da Sportradar, Felippe Marchetti, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado na última terça-feira, dia 18 de junho.

Ele explicou como a Sportradar atua na detecção de fraudes e afirmou que há uma grande vulnerabilidade de clubes e jogadores no Brasil em relação à manipulação de resultados

Segundo Marchetti, os manipuladores passaram a enxergar a América Latina como alvo depois que a Europa endureceu o combate a esse tipo de prática.


Felippe Marchetti (imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado)

A grande maioria dos atletas no Brasil está em condição de vulnerabilidade econômica. Eles [os manipuladores] viram um cenário muito propício para a manipulação aqui, e a partir de 2015 vimos um aumento de casos. (...) Quem está mais suscetível, mais vulnerável, são os atletas de clubes pequenos”, disse Marchetti, segundo a Agência Senado

Questionado pelo relator da CPI, senador Romário Faria (PL-RJ), o representante da Sportradar explicou que é de interesse das casas de apostas combaterem as fraudes, já que a manipulação de partidas faz com que as empresas percam dinheiro

No entanto, Marchetti pontuou que faltam mecanismos para casas de apostas sediadas no exterior comunicarem irregularidades às autoridades do Brasil.

“Esse fluxo de informação entre todos os atores é fundamental para o combate ao sistema [de fraudes], para que não só as casas de apostas, mas também atletas, dirigentes e todos os interessados na proteção do esporte saibam a quem recorrer, como recorrer e de que forma essa informação vai ser trabalhada depois da denúncia”, disse o especialista, também de acordo com a Agência Senado.

Marchetti defendeu que o Brasil faça a adesão à Convenção de Macolin, instrumento jurídico internacional de combate a fraudes no esporte que promove a cooperação e troca de informações entre diferentes países

A mesma ideia já havia sido defendida durante depoimento do diretor de competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Júlio Avellar, à CPI em abril.

Sobre as acusações do dono do Botafogo, John Textor, de que teria havido manipulação no Brasileirão de 2023, Marchetti respondeu que a Sportradar não detectou irregularidades

”Dentro da nossa técnica, dos nossos parâmetros de avaliação, que são (...) validados tanto cientificamente quanto pela Corte Arbitral do Esporte, a gente não verificou nenhuma evidência nem nenhum indício de manipulação de resultados nas partidas citadas”, alegou.

Genius Sports

No mesmo dia, a CPI ouviu também o chefe de integridade para a América Latina da empresa Genius Sports, Tiago Horta Barbosa. Assim como Marchetti, ele chamou a atenção para os riscos que o Brasil enfrenta dentro da temática de manipulação de resultados. 


Tiago Horta Barbosa (imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado)

O grande número de jogos disputados em diversos níveis esportivos cria um ambiente propício para manipulações. Cada jogo, principalmente aqueles de divisões inferiores, representa uma oportunidade em potencial para os que buscam corromper o esporte, e o Brasil é o país no qual mais partidas de futebol são disputadas no mundo inteiro”, explicou, em declaração reproduzida pela Agência Senado.

Barbosa explicou ainda como funciona a atuação da Genius Sports, que tem experiência com mais de 160 ligas e federações esportivas. Ele ressaltou a importância da tecnologia avançada para cruzar informações relevantes sobre equipes, jogadores e árbitros, gerando alertas que são analisados por especialistas de integridade.

“O enfrentamento do problema [...] passa pela construção de sistemas de integridade no ambiente esportivo que verdadeiramente sirvam para prevenir a ocorrência de fraudes no esporte, a detectar eficazmente aquelas que ainda assim venham a ocorrer e, por fim, que forneçam as ferramentas para que uma resposta rápida possa ser dada, seja através de sanções severas ou outros meios”, argumentou. 

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