Polícia Civil de SP registra mais de 500 boletins de ocorrência envolvendo golpes no "Jogo do Tigrinho"

Desde o ano passado, foram registrados mais de 500 boletins de ocorrência no estado de São Paulo em casos envolvendo o Fortune Tiger, popularmente conhecido como “Jogo do Tigrinho”. 

Segundo comunicado oficial do governo estadual, há pessoas procurando a Polícia Civil com relatos de terem sido vítimas de golpes a partir da promessa de dinheiro fácil no caça-níqueis online.

O comunicado também cita que, de acordo com investigações da 3ª Delegacia do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Civil (Deic), as plataformas suspeitas ficam hospedadas fora do país e operam de maneira clandestina. 

A estratégia consiste em criar perfis falsos e grupos nas redes sociais convidando usuários para o jogo. As autoridades apontam ainda o envolvimento de influenciadores digitais, que são pagos para divulgar o Jogo do Tigrinho.

“A pessoa clica no link e é redirecionada para a plataforma, onde faz um cadastro. Normalmente, ela paga para realizar esse cadastro e começa a realizar as apostas. O que apuramos nos inquéritos é que esses influenciadores têm feito postagens falsas de supostos ganhos no jogo. Ou seja, aquela quantia de R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 90 mil que eles falam que ganham não é realidade. São postagens falsas que enganam os usuários e fazem com que passem a apostar cada vez mais”, afirmou o delegado Eduardo Miraldi.

Há casos em que o apostador ganha um prêmio no jogo, mas não consegue fazer o saque. Isso ocorre porque a conta é bloqueada e o valor não é liberado. 

“Esses eventuais prêmios não são reais, temos inúmeros boletins de ocorrência registrados no estado de pessoas que apostaram e ganharam, mas nunca receberam o prêmio. O golpe está aí. É uma estrutura bastante complexa e que envolve muita gente para praticar esse crime”, complementa Miraldi, de acordo com o comunicado oficial.

O Jogo do Tigrinho vem ocupando manchentes desde 2023, quando relatos de golpes começaram a sair na imprensa.

Em junho deste ano, a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) emitiu uma nota ressaltando que "qualquer divulgação, publicidade ou propaganda relacionada com apostas de quota fixa precisa ser feita de acordo com as regras legais e regulamentares de publicidade, privilegiando o jogo responsável, a transparência e esclarecendo que o mercado de apostas é sempre uma forma de entretenimento ‒ jamais de ganhar dinheiro.".

"A violação do jogo responsável, a inobservância das regras de publicidade e das normas de proteção do consumidor e a fraude podem caracterizar crimes previstos na legislação penal. A associação destaca que o atual posicionamento não se refere ao mérito das operações das Polícias Civis de alguns estados, deflagradas a partir de investigações sobre a atuação de influencers", afirma a ANJL.