Apostas esportivas provocam redistribuição de gastos no orçamento familiar

Uma análise da empresa de consultoria PwC Strategy& do Brasil afirma que a percepção da população de dificuldades financeiras cresceu cinco pontos percentuais entre 2022 e 2024 - e que isso pode estar ligado ao aumento de gastos com apostas esportivas, segundo reportagem da Agência Brasil publicada neste domingo, 11 de agosto. 

Hoje, um quinto dos brasileiros dizem enfrentar dificuldades para pagar as suas contas todos os meses, ou não conseguem pagá-las na maioria das vezes, afirma a matéria. A avaliação é de que as apostas nas bets online - que aumentou 419% de 2018 a 2023 - impactou o consumo de mercadorias e serviços, principalmente nas classes C, D e E.

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"(Esses gastos) já superam outros tipos de despesas discricionárias, como lazer, cultura e produtos pessoais, e até mesmo estão começando a impactar o orçamento destinado à alimentação", afirma o economista e advogado Gerson Charchat, sócio e líder da Strategy& do Brasil.

Ele também afirma que, em 2018, as apostas representavam 0,27% do orçamento familiar da classe D e E; hoje, esse percentual saltou para 1,98%, quase quatro vezes mais. Por outro lado, os gastos com lazer e cultura diminuíram de 1,7% para 1,5% do orçamento, enquanto os gastos com alimentação se mantiveram estáveis.

Poupança e alimentação

Essa tendência já havia sido detectada por uma pesquisa do Instituto Locomotiva em janeiro. De acordo com o levantamento, 51% dos brasileiros ouvidos têm utilizado em apostas recursos que iriam para a poupança no fim do mês. Além disso, 48% afirmaram estar redirecionando dinheiro gasto em bares, restaurantes e delivery para as bets. 

Entre as classes sociais, 30% daqueles pertencentes às camadas C, D e E já jogou ou costuma jogar nas “bets” de esportes - só perde para loteria federal e jogo do bicho. Na população A e B, esse índice é menor, de 24%, ficando apenas em quinto lugar entre as escolhas.

Ainda pela pesquisa, a maioria daqueles que ganha algum dinheiro reinveste novamente nos sites e aplicativos. Dois terços dos entrevistados admitem que voltam a gastar nos sites e aplicativos tudo ou parte do que acumularam. Apenas 34% dizem que sacam todo o montante obtido.