Um estudo macroeconômico realizado pelo banco Itaú chegou à conclusão que os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões no acumulado em 12 meses até junho de 2024 em jogos online de cassino e apostas esportivas. Desse total, R$ 44,3 bilhões foram pagos em prêmios aos vencedores, resultando em uma diferença positiva de R$ 23,9 bilhões para o caixa das empresas.
Isso significa que 64,9% do valor total gasto em apostas voltou para os usuários.
A pesquisa completa pode ser lida neste link.
O levantamento Apostas on-line: estimativas de tamanho e impacto no consumo foi conduzido pelos economistas Luiz Cherman e Pedro Duarte, e analisou os balanços de pagamentos do Banco Central - o dinheiro que saiu do país para o exterior, onde as casas de aposta são registradas - e o gasto com marketing pelas empresas.
Impacto no consumo
Com esses dados, o Itaú afirma, já na primeira página do estudo, não ter encontrado "impacto relevante do crescimento das apostas sobre o desempenho do setor varejista, já que nossos modelos baseados em variáveis macroeconômicas não apresentaram aumento do erro médio no período recente." Isso quer dizer que no modelo utilizado pelo banco a compra de bens de consumo não caiu enquanto o valor gasto com apostas não para de subir.
Esse dado contrasta com a avaliação de outros estudos, utilizados por empresários e associações de setores como o varejo, para criticar a regulamentação do setor de apostas e jogos online.
Em junho, a pesquisa Efeito das apostas esportivas no varejo brasileiro, encomendada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), apontou que cerca de 63% dos brasileiros que fazem apostas online já tiveram, pelo menos uma vez, a renda comprometida pelas “bets”.
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Dos 508 apostadores entrevistados, 23% já teriam deixado de comprar roupas em função do hábito de apostar, 19% deixaram de fazer supermercados, 14% pararam de comprar produtos de higiene e beleza, e 11%, de gastar com saúde e medicações.
Mas ao analisar as variáveis renda, crédito, confiança do consumidor e poupança, o modelo do Itaú aponta que "as vendas no varejo têm apresentado resultados dentro do esperado" e que seus modelos "não apoiam a hipótese" de que o aumento do números de apostas tenha afetado o consumo de outras áreas.