Setor de varejo e consumo lança manifesto que alerta para "riscos associados" ao crescimento das bets

Divulgado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) nesta quinta-feira, 19 de setembro, um manifesto de 15 entidades empresariais que representam setores de varejo e consumo alerta "para riscos associados ao crescimento dos gastos dos consumidores em geral com os jogos", publica reportagem do jornal O Globo. 

O documento foi lido no encerramento do Latam Retail Show, feira de negócios e congresso do setor, que ocorreu esta semana, em São Paulo (SP), e começa afirmando que o crescimento das apostas atrai “recursos da população dos mais diversos segmentos e faixas etárias, e é ainda mais mais marcante nas classes mais baixas e de menor idade, redirecionando renda destinada ao consumo pessoal, inclusive de alimentos”.

Para as entidades que assinaram o manifesto, as casas de apostas "deveriam estar sob maior regulação e pagar mais tributos, dada a natureza viciante dos jogos de azar", afirma O Globo. O documento defende restrições à propaganda por parte das plataformas de apostas e elevação da tributação sobre a atividade.

Ao jornal, líderes empresariais afirmaram que a demanda do setor de bares e restaurantes, lojas de moda e redes de franquias "não está tão pujante quanto poderia, diante do bom momento do mercado de trabalho, com emprego e renda em alta".

Segundo Paulo Solmucci Jr., presidente da Abrasel, que representa o setor de bares e restaurantes, o consumo das famílias com alimentação fora de casa parece estar "abaixo do normal". 

Movimento

Esse movimento de setores do varejo e da alimentação, entre outros, não é novidade - mas está cada vez mais organizado. Em agosto, o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, já havia expressado preocupações em relação ao crescimento das apostas esportivas no Brasil, classificando as bets como um novo fenômeno que pode impactar o consumo a longo prazo. 

Na mesma semana, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), maior entidade supermercadista do país, afirmou que levaria proposta à Brasília para exigir normas mais rígidas envolvendo a regulamentação das apostas esportivas online.

Criar possíveis limitações no uso de cartão de crédito e na liberação de empréstimos consignados (no holerite) voltados para pagamentos em jogos são algumas das medidas que as entidades creem ser necessárias para frear uma suposta transferência de dinheiro para as apostas.

Essa discussão vem desde o início do ano, quando o Instituto Locomotiva publicou um estudo que detectou que o brasileiro estaria utilizando os recursos que guarda na poupança para tentar a sorte nas bets. Recentemente, outro estudo do mesmo instituto detecto os brasileiros que fazem apostas esportivas via bets são em maioria de baixa renda, estão endividados e possuem dois ou mais cartões de crédito.

Segundo um estudo recente da Similarweb, as plataformas de apostas online registraram crescimento no segundo trimestre de 2024, com uma audiência total de 2,025 bilhões de visitas. Esse número representa um aumento de 45,46% em comparação ao mesmo período em 2023, que registrou 1,392 bilhão de visitas.

Entre abril e junho de 2024, os sites de apostas atraíram uma média de 52,51 milhões de usuários únicos por mês, marcando um crescimento de 28,32% em relação ao ano anterior.