Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), publicado na última sexta-feira, 20 de setembro, alerta que “o volume financeiro das bets vem crescendo a taxas alarmantes”, e que, entre junho de 2023 e junho de 2024, os consumidores teriam gasto cerca de R$ 68,2 bilhões em apostas, “valor que representa 0,62% do PIB, 0,95% do consumo total e 22% da massa salarial".
O estudo completo pode ser acessado neste link.
O documento faz uma relação direta do crescimento das apostas e cassinos on-line com a inadimplência no país e uma suposta queda de consumo no varejo, e afirma que, no primeiro semestre de 2024, “os cassinos online colocaram 1,3 milhão de brasileiros em situação de inadimplência, retirando R$ 1,1 bilhão do consumo do varejo nacional”.
“Levando-se em conta o elevado comprometimento da renda das famílias com apostas on-line, os impactos sobre o varejo brasileiro são atualmente incertos, mas possuem um potencial de reduzir em até 11,2% a atividade varejista, diminuindo em R$ 117 bilhões o faturamento do setor por ano”, escreve.
A CNC apoia no documento a regulamentação de “cassinos reais, que geram emprego e desenvolvimento”, e diz que "não é contra os cassinos, e sim contra os cassinos on-line, que não geram valor para o País".
"Narrativas distorcidas"
Essas críticas não são novidade e têm aumentado à medida em que a regulamentação do setor avança. Na semana passada, um manifesto assinado por 15 entidades empresariais que representam setores de varejo e consumo alertou "para riscos associados ao crescimento dos gastos dos consumidores em geral com os jogos”.
O presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL) e editor do site BNLData, Magnho José, afirmou que “todos os estudos que estão sendo publicados sobre o mercado de apostas online no Brasil devem ser tratados como especulativos que produzem narrativas distorcidas”.
Magnho José
Segundo ele, essas pesquisas de setores de classe “têm o claro objetivo de demonizar o setor e idiotizar os apostadores já que não citam os valores que voltam para os usuários e os fundos dos apostadores que ficam depositados em suas contas nas plataformas de apostas”.
Em entrevista recente à rádio Itatiaia, o presidente do Instituto Brasileito do Jogo Responsável (IBJR), Andre Gelfi, foi na mesma linha e afirmou, à rádio Itatiaia, que é preciso “olhar com ceticismo” para pesquisas que apontam mudanças no consumo das famílias brasileiras.
Segundo ele, apenas a partir do funcionamento da regulamentação (a partir de janeiro de 2025) haverá dados oficiais e a possibilidade de processá-los e cruzá-los com o consumo para entender exatamente como esse mercado está funcionando.