O partido Solidariedade ingressou neste sábado, 28 de setembro, com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a declaração de inconstitucionalidade da lei que regulamenta as apostas de quota fixa no Brasil (lei 14.790/2023).
A legenda também solicita a suspensão imediata da legislação vigente e o bloqueio dos sites de apostas que operam no país até que a questão seja julgada, conforme publicação da Folha de S. Paulo.
O principal argumento do Solidariedade é a ausência de medidas de proteção na atual regulamentação para combater o jogo compulsivo e minimizar os danos socioeconômicos relacionados às apostas. A ação cita dados de endividamento entre as populações mais vulneráveis para justificar a necessidade de uma intervenção judicial.
No pedido, o partido destaca que a suspensão temporária da lei e o bloqueio das plataformas de apostas são essenciais para evitar "perdas econômicas e sociais, atuais e futuras", já que a demora no julgamento final "certamente causará prejuízos irreparáveis".
"A concessão da medida cautelar solicitada é absolutamente essencial para evitar que a sociedade brasileira seja ainda mais impactada pelas graves consequências negativas que vêm atingindo a economia doméstica. Isso decorre do aumento significativo do endividamento das famílias e da mudança no destino dos recursos financeiros, que antes eram destinados à compra de bens e serviços essenciais, e agora são direcionados para as apostas online", diz o texto da ação.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), afirmou que o volume de apostas em agosto, caso se mantenha, poderá retirar R$ 250 bilhões da economia brasileira anualmente. "Isso poderia levar o país a uma situação de pobreza extrema", comentou.
"Precisamos corrigir essa lei imediatamente. É uma questão de luta contra a fome. Por isso é urgente que o Supremo possa parar as apostas no Brasil para que a gente possa ter tempo de corrigir a lei para que, primeiro, faça esse povo pagar mais imposto. Segundo, inibir que pessoas que estão em situação de risco possam apostar nesse tipo de jogo", declarou Paulinho da Força.
A iniciativa do Solidariedade vai ao encontro de um pedido semelhante feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) na última terça-feira, 24 de setembro. A CNC também questiona a constitucionalidade da lei das apostas e pediu a suspensão cautelar da mesma.
Em resposta à ação da CNC, o ministro Luiz Fux, relator do caso, agendou uma audiência pública para o dia 11 de novembro, onde o tema será debatido. Entre os convidados estão os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outras autoridades.
Também foram convocadas para a audiência entidades como a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), o Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL), o Grupo Mulheres do Brasil e o Educafro.