José Francisco Manssur, advogado e ex-assessor especial do Ministério da Fazenda, abordou, em entrevista ao CNN Esportes S/A, o impacto da nova legislação sobre apostas esportivas no patrocínio do futebol brasileiro.
Manssur, que atuou diretamente na regulação do setor, destacou que a regulamentação deve impulsionar os patrocínios ao invés de reduzi-los, como alguns temiam.
Para Manssur, a solução não está na proibição, mas sim na regulamentação do setor. “As pessoas às vezes tratam as questões como ‘Vamos falar de proibir o patrocínio’. Você vai causar um colapso financeiro no esporte brasileiro hoje”, alertou.
Os contratos de patrocínio com as casas de apostas já movimentam cifras milionárias. Mesmo com o receio inicial de que a regulamentação pudesse afastar patrocinadores, Manssur acredita que o cenário será o oposto, com um crescimento nos investimentos.
“A gente ouviu falar em contratos que chegam até R$ 100, R$ 150 milhões por ano. Propostas novas que estão chegando para clubes que ainda não têm bet, quer dizer, são valores ainda muito maiores do que outros segmentos de mercado pagavam antes das bets entrarem”, explicou o advogado.
Segundo ele, em 2022, empresas de apostas gastaram cerca de R$ 3 bilhões em publicidade no Brasil, mesmo sem o mercado estar regulamentado.
Manssur também mencionou que, com a regulação, gigantes do mercado internacional, como as empresas norte-americanas que até então evitavam o Brasil, devem entrar no jogo.
"Então, esses R$ 100 milhões que você oferece hoje vai aumentar um pouco. E aí essa que saiu do clube grande, vai pra um clube médio ainda da primeira divisão, depois vai pras outras divisões. Então vai haver um aumento proporcional em cascata até chegar nas outras modalidades”, disse à CNN.
O Brasil já é considerado um dos três maiores mercados de apostas esportivas do mundo, com potencial para liderar, destacou Manssur.
“Ao longo do ano de 2023, se falava que o movimento era entre 100 e 150 bilhões de reais por ano no Brasil. Agora é uma constatação importante sobre o Brasil: um estudo de mercado que se faz em março, em junho já está desatualizado. O Brasil cresce nesse mercado em progressão geométrica,” , disse.
Na entrevista, ele também citou dados sobre o tempo gasto pelos brasileiros em plataformas de apostas. “Existe um estudo que aponta que os brasileiros passam 3,8 milhões de horas por ano em sites de apostas”, concluiu o advogado.