Entrevista com a CEO da SeguroBet

Monara Shainny: "Queremos que o cliente permaneça conosco por anos, e isso só é possível com o jogo consciente e seguro"

18-10-2024
Tempo de leitura 5:41 min

“Nossa comunicação tem que ser assertiva. Uma coisa é estimular alguém a se divertir, outra, a se endividar em busca de enriquecimento rápido”. Essa é a visão de Monara Shainny, CEO da SeguroBet, uma das casas de apostas que solicitou licença federal e está na lista do Ministério da Fazenda de empresas aptas a operar.

Em entrevista exclusiva ao Yogonet, a executiva falou sobre a regulamentação, o crescimento da indústria, as práticas de jogo responsável e defendeu que o setor seja mais unido, com as empresas vendo umas às outras como parceiras.

Shainny revelou ainda que está no radar da SeguroBet a expansão para fora do Brasil, com planos de começar a operação em outro mercado da América Latina.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

A SeguroBet está entre as empresas que fizeram pedido de licença federal ao Ministério da Fazenda. Qual a expectativa da empresa para o mercado regulado, que inicia, oficialmente, em janeiro de 2025? Você acredita que a regulamentação foi bem construída ou ainda há pontos que precisam ser aprimorados?

Estou muito esperançosa que, em janeiro de 2025, vamos poder construir e dizer que temos um jogo responsável para todos. Hoje, o que acontece e o que acontecia antes da regulamentação, é que há empresas trabalhando de maneira correta e outras, não.

Por esse motivo, eu e os meus sócios sempre fomos defensores de uma regulamentação que exigisse que todos trabalhassem corretamente, fomentando o nosso segmento de IGaming da maneira devida. 

As normas que foram demandadas têm um nível de exigência bem elevado. A maioria das casas que não nasceu dentro das quatro linhas, operando da maneira correta e fazendo os procedimentos certos, terá dificuldade de se organizar. Essa mudança é fundamental para que o mercado se profissionalize.

A empresa foi fundada em 2019, e, de acordo com o seu LinkedIn, você está no cargo de CEO desde 2022. De lá para cá, quais as principais mudanças que você nota no mercado brasileiro, além da regulamentação? Houve alterações em relação ao comportamento dos apostadores e na concorrência entre as empresas?

Eu vim de outro segmento, da parte corporativa empresarial tradicional, já tendo trabalhado em outras startups. Assumi em 2022, com um mercado completamente diferente deste de 2024, em plena ascensão! No nosso segmento, fora a regulamentação, a principal mudança foi o perfil de consumo

Hoje, nós dividimos em três perfis. O mais consciente, é aquele que já jogava antes dessa "explosão" das bets aqui no Brasil. Depois, vem o jogador que começou a apostar a partir de 2021 e vem aprendendo sobre apostas esportivas, cassino, slot, crash games e suas diferenças e, por fim, temos os curiosos, que são as pessoas que buscam o enriquecimento nas bets, e não o entretenimento. A mídia não entende, mas esse perfil não é interessante para as casas de apostas. Aqui, na SeguroBet, nós investimos uma quantia considerável na educação e conscientização. A nossa proposta é entretenimento.

Uma das grandes preocupações que a sociedade tem em relação aos jogos e apostas é a questão da ludopatia e do acesso de menores de idade às plataformas. A SeguroBet tem alguma política ou ação específica para garantir o jogo responsável?

Nossa razão de ser e nosso nome não foram escolhidos à toa. Desde a fundação da SeguroBet, em 2019, se teve em mente a questão da segurança das informações de nossos clientes. No final de 2022, começamos a trabalhar com validação de CPF, ou seja, conferimos a maioridade e se o CPF é realmente da pessoa. Isso bem antes de a regulamentação exigir. Nós temos a preocupação de primeiro conscientizar esse jogador, alertá-lo, caso esteja abusando, e indicar como ele pode se prevenir, chegando até a autoexclusão, que congela as nossas comunicações e envios de incentivos, como ofertas de cupons e bônus.

Exemplificando: um cliente aposta dez reais semanalmente por um longo período e, de repente, começa a depositar R$ 200, R$ 300. Identificamos que isso fugiu à normalidade e nosso time de análise de risco [verifica] se houve um descontrole e o motivo desse comportamento. 

A SeguroBet trabalha assim, e sabemos de outras casas que também têm este cuidado.

Há muitas pautas na mídia sobre pessoas se endividando, pedindo empréstimo para jogar e, eventualmente, aproveitar uma promoção feita por uma bet.

Entendemos que nossa comunicação tem que ser assertiva. Uma coisa é estimular alguém a se divertir, outra, a se endividar em busca de enriquecimento rápido. Somos pautados pelo bom senso, queremos que o cliente permaneça conosco por anos, e isso só é possível com o jogo consciente e seguro. Esse ponto de vista a imprensa não traz. 

Como vocês avaliam a portaria 1.475 do Ministério da Fazenda, que impede o funcionamento dos sites que não pediram licença federal? É uma medida necessária para garantir a concorrência justa?

Tivemos tempo para nos organizarmos. É justo que o governo derrube as bets que não estão regularizadas. A concorrência é injusta, é desleal em relação a quem está trabalhando corretamente. Temos diversas obrigações, ajustamentos e processos, que demandam tempo, dinheiro, extrema seriedade, e estamos competindo com empresas criadas ontem, que faturam e não pagam o jogador. Isso desmoralizava e enfraquecia o setor como um todo.   

Essa medida deu tranquilidade para quem, de fato, investe energia, trabalha com performance e está em processo de regulamentação para cumprir as normas e exigências. 

Para se ter uma ideia, tenho 145 atividades que precisam ser realizadas, entre normas e procedimentos, para estarmos aptos. É uma demanda grande de esforço.

Vocês têm o influenciador Pyong Lee e o cantor Mumuzinho como embaixadores. Além disso, patrocinam o programa Resenha SeguroBet e a Taça Fares Lopes. Quais os principais fatores que a empresa leva em conta em termos de estratégia de marketing na hora de decidir um patrocínio? 

Nossos patrocínios, incentivos e parcerias sempre levam em consideração o contato direto com o nosso cliente e nosso orçamento. Escutamos o nosso jogador e queremos estar onde ele está. Mapeamos as regiões com grande número de acessos e potenciais novos inscritos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e, aqui no Nordeste, Bahia, Fortaleza, Recife, Ceará, Pernambuco.

Hoje somos uma empresa nacional, então procuramos oportunidades que abranjam essas áreas de maneira específica, mas também geral. Por isso, temos nomes como o Pyong e o Mumu. Isso é nacional. Mas também incentivamos campeonatos locais de diversas modalidades, patrocinamos shows e criamos experiências regionalizadas para o nosso cliente.

Está no radar da empresa ampliar a oferta de apostas para outros países ou o foco está 100% no mercado nacional? 

Está, sim, no nosso radar. Esse era um projeto para 2024 que, por conta da regulamentação, foi adiado para, provavelmente, 2025. Não posso adiantar qual país, mas planejamos começar a operação em outro mercado da América Latina. Se tivermos êxito nesta operação, podemos ir para um terceiro país. 

O setor de jogos e apostas ainda é dominado majoritariamente por homens, com profissionais masculinos ocupando a maioria dos cargos de CEO. Como você vê a participação das mulheres nessa indústria? Acredita que é algo que irá crescer nos próximos anos?

Essa pergunta é muito comum de surgir por eu ser mulher e estar ocupando este cargo. Da minha primeira participação em uma feira internacional para agora, em 2024, já tivemos um crescimento exponencial com relação a mulheres ocupando cargos de chefia e trabalhando no nosso segmento.

Aqui, na empresa, não temos política de cotas ou algo nesse sentido. Contratamos os mais qualificados e, dentro deste critério, temos uma equipe praticamente dividida entre os gêneros. 

É importante que seja feito um trabalho cultural, para que as próprias mulheres enxerguem o iGaming como uma oportunidade profissional, assim como ocorreu com os eSports

Caso queira acrescentar algo que não foi perguntado, fique à vontade.

O segmento das bets deveria se unir mais. Infelizmente, somos um setor muito desunido

Não vemos grupos se sentarem para debater o desenvolvimento do setor, tomar medidas e políticas que nos ajude a trabalhar com previsibilidade, tranquilidade, que proteja o jogador, mas também o colaborador. Isso fortalece a indústria. As empresas não se enxergam como parceiras, apenas como concorrentes, e, em um mercado emergente, isso não é o ideal

Aqui na SeguroBet já temos uma outra linha. Gostamos da troca de ideias, de receber outros players aqui para conversar. Eu disponibilizo nosso espaço, e estamos abertos à essa troca. O setor se beneficiaria como um se fosse mais unido.

Temos a meta de elevarmos nosso patamar, trabalhando de maneira séria e honesta, focada em princípios e torcendo por um iGaming mais unido.

Deixe um comentário
Assine nosso boletim
Digite seu e-mail para receber as últimas novidades
Ao inserir seu endereço de e-mail, você concorda com os Condiciones de uso e a Políticas de Privacidade da Yogonet. Você entende que a Yogonet poderá usar seu endereço para enviar atualizações e e-mails de marketing. Use o link de Cancelar inscrição nesses e-mails para cancelar a inscrição a qualquer momento.
Cancelar inscrição