ARTIGO PARA A FOLHA DE S. PAULO

Regis Dudena: “Hoje há luz sobre um cenário que durante tantos anos ficou sob um irresponsável apagão”

Imagem: Pedro França/Agência Senado
23-10-2024
Tempo de leitura 2:03 min

Desde a legalização das apostas online no Brasil em 2018, o setor tem enfrentado desafios pela falta de regulamentação clara. Segundo o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, a ausência de regras permitiu que empresas operassem sem supervisão durante o governo Jair Bolsonaro (PL), o que facilitou o crescimento descontrolado do setor.

Em artigo para a Folha de S. Paulo, Dudena ressalta que o governo Lula encontrou um cenário complexo, com a indústria de apostas já consolidada e sem normas adequadas para coibir abusos. Conforme o secretário, uma medida provisória (MP) enviada ao Congresso em 2023 estabeleceu as primeiras diretrizes para o setor, proibindo a participação de menores de idade e a publicidade de casas de apostas não autorizadas.

Dudena lembra que essa MP também determinava que as operadoras deveriam se constituir no Brasil e pagar outorgas e impostos, além de prever penalidades para quem descumprisse as novas regras.

Em sua análise, Dudena destaca que o projeto de lei aprovado em dezembro de 2023 ampliou a abrangência da regulamentação, incluindo também os jogos online. 

"Embora alterada em relação à proposta do governo, a lei aprovada em dezembro de 2023 concedeu competência ao Ministério da Fazenda para regular o setor de apostas. Assim, em 2024 foi criada a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA/MF) e anunciada uma agenda regulatória, prevendo total regramento do setor em seis meses. Isso foi cumprido, com as publicações de dez portarias até julho deste ano", escreveu Dudena em seu artigo.
 
"Foram fixadas regras essenciais, como a obrigação de que transferências de valores que envolvam as bets ocorram somente entre instituições autorizadas pelo Banco Central e a proibição do uso do cartão de crédito para evitar endividamento. Foram criadas normas de prevenção à lavagem de dinheiro,", incluiu o secretário.

Outro ponto ressaltado por Dudena é a criação de medidas para o chamado "jogo responsável", exigindo que as empresas monitorem o perfil dos apostadores e implementem mecanismos de proteção para sua saúde mental e financeira

De acordo com o secretário, um dos avanços mais importantes foi a regulamentação da publicidade de apostas. Ele explica que ficou proibido o direcionamento de campanhas para crianças e adolescentes, e que é essencial esclarecer ao público que apostas não são investimentos garantidos.

"Reafirmou a importância de deixar claro para a população que aposta não é investimento, não assegura dinheiro fácil nem enriquecimento", pontuou Dudena.

Em uma ação mais recente, o governo permitiu que apenas empresas que submeteram requerimentos oficiais à SPA operem no Brasil. Até o momento, foram aprovadas 96 empresas com 210 sites. Além disso, Dudena informou que foi elaborada uma "lista negativa" com mais de 2.000 sites ilegais bloqueados.

Por fim, Dudena ressaltou que o esforço para regulamentar o setor de apostas online continua, em cooperação com ministérios como o da Justiça, Saúde e Comunicações, além da Anatel, Banco Central e Advocacia-Geral da União. 

"Com transparência, colaboração e responsabilidade, hoje há luz sobre um cenário que durante tantos anos ficou sob um irresponsável apagão", concluiu o secretário.

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