A operação deflagrada pela Polícia Federal contra o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, tem como base um relatório que revela um retorno de R$ 13.050 em apostas em três casas diferentes, com palpites de que o jogador seria advertido com um cartão amarelo durante uma partida contra o Santos no Campeonato Brasileiro de 2023, revelou reportagem da Folha de S. Paulo.
O relatório detalha os lucros obtidos por apostadores nas casas Betano, GaleraBet e KTO, que somaram valores de R$ 6,1 mil, R$ 4,7 mil e R$ 3.050, respectivamente.
O documento foi elaborado pela International Betting Integrity Association (IBIA), contratada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), e foi repassado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em julho de 2024.
Em sua análise, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) considerou os valores “ínfimos” diante do salário do atleta e arquivou o caso. No entanto, o relatório da IBIA detalha que os apostadores envolvidos usaram uma combinação de contas recém-registradas e outras já estabelecidas nas plataformas de apostas para maximizar os lucros.
Isso se deve a um limite imposto pelas bets para esse tipo de aposta. Por exemplo, na Betano, a aposta máxima para um cartão amarelo é de R$ 631. Para alcançar um lucro maior, seria necessário usar múltiplas contas, como no caso de Bruno Henrique, em que, para apostas de R$ 3.000, seriam necessárias cinco contas diferentes.
Apesar da decisão de arquivamento do STJD, a CBF informou a situação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Este, junto à Polícia Federal, deflagrou a Operação Spot-fixing, cumprindo 12 mandados de busca e apreensão nos endereços relacionados a Bruno Henrique.
O Ministério Público do DF informou que, se confirmada a manipulação de resultados, o caso pode configurar crime contra a incerteza do resultado esportivo, com pena de dois a seis anos de reclusão.
Em nota publicada pela Folha, o Flamengo declarou que dará apoio ao atleta, ressaltando a presunção de inocência e afirmando que ainda não teve acesso ao processo investigatório. A assessoria de Bruno Henrique optou por não se pronunciar. As casas de apostas envolvidas, Betano, GaleraBet e KTO, não se manifestaram sobre o caso até o momento, disse a reportagem.