Idec afirma que tabela de pagamentos do Jogo do Tigrinho configura prática abusiva

Prática abusiva, que confunde e abusa da ignorância do consumidor. Essa é a avaliação técnica do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) sobre o caça-níqueis virtual Fortune Tiger, o famoso "Jogo do Tigrinho", que virou febre no Brasil.

A pedido da Folha de S. Paulo, o órgão avaliou a tabela de pagamentos apresentada pela Blaze (um dos poucos sites que já disponibilizam tal material, que terá exibição obrigatória a partir de 1º de janeiro) e chegou à conclusão de que "a apresentação adotada viola o direito à informação e a liberdade de escolha do consumidor. Por isso, está contra o Código de Defesa do Consumidor (CDC)", afirma a reportagem.

Para o Idec, só é possível entender como funciona o sistema de pagamentos depois de jogar. Segundo a Folha, a tabela, que deveria mostrar os multiplicadores aplicados ao valor da aposta em caso de vitória, gera confusão.

O material não indica que as taxas exibidas se referem à situação de nove figuras iguais, que configura cinco sequências, três na horizontal e duas na diagonal. "Por isso, cada multiplicador deveria ser dividido por cinco", explicam. 

"Isso configura uma prática abusiva, já que se utiliza da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe produtos ou serviços", afirmou o órgão.

A Blaze afirma que conduz a homologação dos jogos conforme as exigências da portaria 722 de 2024, do Ministério da Fazenda, por meio de laboratórios certificadores autorizados. 

• VEJA A TABELA PUBLICADA PELA BLAZE

  • Símbolo wild (tigre): 250 vezes
  • Objetos dourados: 100 vezes
  • Joia verde: 25 vezes
  • Saco de moedas: 10 vezes
  • Cartas de moedas: 8 vezes
  • Fogos de artifícios: 5 vezes
  • Fruta: 3 vezes

Em uma análise anterior da Folha, publicada no dia 29 de outubro, o modelo mostrou que cerca de 44% dos jogos retornam alguma premiação.

Outros 56% das apostas fazem o jogador perder tudo: as porcentagens de ganho ou perda têm margem de erro de 0,01%, para um intervalo de confiança de 95%. A simulação de 100 milhões de giros foi feita com o método computacional de Monte Carlo (técnica matemática que prevê possíveis resultados de um evento incerto).

Assim, a reportagem afirma que o caça-níqueis virtual paga o jackpot (prêmio máximo, de 2.500 vezes o valor apostado) apenas em uma a cada 40,3 milhões de apostas.