Senadores ligados à bancada evangélica foram às redes sociais celebrar o adiamento da votação do projeto de lei (PL) 2.234/22. A matéria, que legaliza cassinos, bingos e jogo do bicho no Brasil, estava prevista para ser votada no plenário do Senado na quarta-feira, dia 4 de dezembro.
Entretanto, em meio à pressão de parlamentares contrários à proposta, o PL foi retirado de pauta pelo relator Irajá Silvestre (PSD-TO) e a apreciação ficou para 2025.
“Perderam a aposta”, escreveu o senador Carlos Viana (Podemos-MG) na legenda de um vídeo postado no Instagram. Ele é presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Senado e já havia sinalizado que trabalharia para atrasar a votação do PL 2.234/22.
“Conseguimos aqui uma vitória importante na luta contra os jogos de azar, os cassinos e qualquer tipo de jogo no Brasil. Queriam votar aqui, em regime de urgência, [...] a mudança de uma lei que existe desde 1930, voltar ao Brasil dos jogos de azar, cassinos [...] no momento em que o país está enfrentando essa questão das bets, em que pessoas que ganham pouco estão se endividando em jogos e o dinheiro indo para o exterior”, disse o senador mineiro no vídeo. A proibição dos cassinos, na verdade, data de um decreto de 1946 e não de 1930, como disse Viana.
Quem também se manifestou foi a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), vice-presidente da mesma frente parlamentar de Viana. “Quero agradecer todos vocês que nos ajudaram mandando e-mails para os senadores [...]. Hoje quero agradecer a equipe do movimento Brasil Sem Azar, que ficou de plantão dentro do Senado nos últimos dias”, disse no Instagram.
“Ganhamos um fôlego, mas o projeto vai voltar no início do ano que vem. [...] Legalizar o azar é, com certeza, legalizar a destruição de muitas famílias no Brasil”, complementou Damares.
Crítico ferrenho dos jogos de azar e também integrante da Frente Parlamentar Evangélica, o senador Eduardo Girão (NOVO-CE) evocou questões religiosas para defender a sua posição.
“O ‘Coração do mundo, pátria do Evangelho’ com mais de 90% de sua população cristã, segundo o IBGE, não pode permitir tamanha agressão a valores e princípios éticos! Não é a toa [sic] que as grandes instituições religiosas, incluindo Evangélicos, espíritas e CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil], se manifestaram veementemente contra essa proposta, emitindo inclusive três notas públicas de repúdio”, escreveu no Instagram.