A juíza Andréa Calado da Cruz, da Justiça de Pernambuco, decidiu na última quarta-feira, 4 de dezembro, manter a investigação contra o cantor Gusttavo Lima no âmbito da Operação Integration, que apura suspeitas de lavagem de dinheiro por meio de jogos ilegais. Conforme reportagem da Folha de S. Paulo, a magistrada rejeitou o pedido de arquivamento feito pelos cinco promotores do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no final de novembro.
Com a decisão, o caso segue para análise do procurador-geral de Justiça, Marcos Carvalho, responsável pela Promotoria no estado.
No parecer, os promotores do MPPE argumentaram que não há provas que incriminem Gusttavo Lima, nem o casal José André da Rocha Neto, dono da empresa VaideBet, e Aislla Rocha. “A inexistência de elementos que demonstrem que os valores das operações suspeitas indicadas são provenientes de infração penal” foi a principal justificativa apresentada.
Entretanto, a juíza discordou. Em sua decisão, afirmou que os autos revelam movimentações financeiras suspeitas envolvendo grandes valores e transações obscuras. "Essa conclusão não encontra respaldo nos elementos probatórios constantes dos autos, que indicam a existência de movimentações financeiras suspeitas, caracterizando um claro indício de lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos", destacou a magistrada.
Segundo a Polícia Civil, Gusttavo Lima teria negociado um avião com a Esportes da Sorte por meio de uma de suas empresas. O avião teria sido devolvido sob alegação de um defeito na turbina e, posteriormente, vendido aos proprietários da VaideBet, empresa conhecida por ligações com casas de apostas ilegais. Além disso, o cantor teria adquirido 25% de participação na VaideBet, o que, segundo a juíza, reforça os indícios de envolvimento em práticas ilícitas.
“A relação de Nivaldo Batista Lima [nome de registro de Gusttavo Lima] com os indiciados José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, incluindo movimentações financeiras duvidosas, é um indicativo claro de possível envolvimento em práticas ilícitas”, pontuou a juíza Andréa Calado.
A magistrada enfatizou que a continuidade das investigações é necessária “a fim de esclarecer a natureza das transações e os possíveis vínculos criminosos entre os investigados”.
A defesa de Gusttavo Lima afirmou, em nota, que o pedido de arquivamento ainda não foi avaliado em caráter definitivo. "Permanece confiante de que a inocência do artista será devidamente comprovada", declarou a equipe jurídica.
Já os advogados de José e Aislla Rocha criticaram a decisão judicial, argumentando que vai contra o entendimento dos promotores que acompanham o caso. “Não há qualquer indício de crime contra os dois investigados”, defenderam.
O caso agora será reavaliado pelo procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Marcos Carvalho, que está em suas últimas semanas no cargo, já que foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, com posse prevista para 2025.