DENÚNCIAS DE CIRO NOGUEIRA E SORAYA THRONICKE

CPI das Bets tem suspeitas de extorsão e pedido de propina

Ciro Nogueira (imagem: Pedro França/Agência Senado) e Soraya Thronicke (imagem: Saulo Cruz/Agência Senado)
16-12-2024
Tempo de leitura 2:02 min

Duas acusações de extorsão e pedido de propinas estão abalando a CPI das Bets, revelou reportagem da revista Veja publicada na sexta-feira, 13 de dezembro. 

Após uma discussão durante uma sessão da comissão no dia 3 de dezembro, os senadores Ciro Nogueiro (PP-PI) e a relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmaram que há pedidos de dinheiro a empresários por parte de um lobista e de um senador, com a promessa de evitar convocações na comissão. 

Essa informação só se tornou pública com a publicação da reportagem. Segundo a Veja, após o bate-boca do início de dezembro com Thronicke, Ciro procurou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para informá-lo sobre algo “muito grave” que estaria se passando nos bastidores da comissão.


Pacheco teria sido informado da extorsão (imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado)

"Ele relatou que um conhecido lobista de Brasília estaria extorquindo empresários ligados ao setor de apostas. E mais: existiria uma parceria entre esse lobista e membros da CPI", afirma o texto da Veja. Segundo a reportagem, o lobista é Silvio de Assis, figura conhecida em Brasília que já foi presa pela Polícia Federal em 2018, acusada da "venda" de registros sindicais.

Esquema

Ciro disse que o esquema foi informado à Polícia Federal depois que um empresário do setor, não identificado, confirmou ter sido abordado pelo lobista para evitar o "constrangimento" de ser convocado para depor na CPI. Supostamente, Assis teria exigido dele R$ 40 milhões. Esse empresário teria sido convocado logo após se negar a pagar o valor.

Imagem: Saulo Cruz/Agência Senado 

À Veja, o lobista se disse inocente, e que acompanha os trabalhos da comissão de perto apenas para "colher informações para um documentário" sobre o assunto. 

Ao presidente do Senado, Ciro não acusou diretamente Soraya Thronicke de envolvimento com o suposto esquema, mas "lembrou que a relatora da comissão, a quem cabe coordenar e supervisionar a investigação, não só conhece como mantém uma relação de proximidade com o lobista que teria tentado extorquir o empresário."

Procurado pela Veja, Ciro não quis se manifestar, e disse apenas "que a denúncia chegou a seu conhecimento e que tomou as providências cabíveis".

Áudio

Também procurada pela reportagem, Thronicke confirmou que conhece o lobista, mas rebateu qualquer envolvimento. Ela disse que ouviu um áudio enviado a um empresário convocado para depor em que um senador pedia R$ 100 milhões para "resolver o assunto com a Soraya".

A senadora afirma que seu nome está sendo usado por um parlamentar ‒ que ela não quis identificar ‒ para o achaque a empresários. Ela garantiu que também encaminhou a denúncia à Polícia Federal.

A reportagem termina afirmando que, após o relato de Ciro Nogueira, Rodrigo Pacheco passou a "considerar a hipótese de encerrar os trabalhos da comissão antes que seja necessária a criação de uma CPI para investigar a CPI."

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