DIRETOR-PRESIDENTE DO IBJR

Andre Gelfi: "Não há mais espaço para empresas que ignoram as leis e andam na contramão do entretenimento sustentável"

23-12-2024
Tempo de leitura 2:47 min

Como diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), que reúne algumas das maiores casas de apostas operando no Brasil, Andre Gelfi tem sido uma das vozes mais atuantes em prol da regulamentação do setor no país.

Hasteando bandeiras como o jogo seguro e o jogo responsável, Gelfi acredita que o processo tocado pelo Ministério da Fazenda "é um ponto de virada" para o setor, e que as empresas que representa estão fazendo a sua parte para garantir a transparência, a profissionalização e a proteção ao apostador.

Em entrevista exclusiva ao Yogonet, o executivo compartilha sua visão sobre o atual momento do setor.

Você já classificou o mercado atual como "uma verdadeira bagunça". Qual deve ser o caminho para uma regulamentação sustentável no país?

Após intenso trabalho da Secretaria de Prêmios e Apostas, do Ministério da Fazenda, o mercado brasileiro de jogos online contará finalmente com a regulamentação. Esse ordenamento é fundamental para separar o "joio do trigo", trazendo regras claras para atuação das casas de apostas sérias e promover o jogo responsável.

As associadas ao IBJR apoiam a regulamentação da Lei e trabalham para implementar até 1º de janeiro as novas diretrizes que têm como base a transparência e a segurança dos apostadores. Não há mais espaço para empresas que ignoram as leis e andam na contramão do entretenimento sustentável.

Há muitas críticas e pressão ao setor no momento. Sendo realista, o que é possível esperar do governo e da regulamentação em 2025?

A regulamentação é um marco, um ponto de virada para o setor. As preocupações em relação às externalidades do jogo são legítimas, e a aplicação da lei é o melhor caminho para atendê-las. Quando falamos de regras, destacamos a importância da transparência e profissionalização deste mercado, sempre protegendo o apostador. Obviamente, teremos uma curva de aprendizado e melhoria no início deste processo, mas a evolução será notória.

Os membros do IBJR têm investido fortemente no jogo responsável. Essas ações serão suficientes para dirimir os efeitos crescentes de ludopatia e endividamento?

O trabalho em prol do jogo responsável está em uma crescente, e o trabalho de conscientização é de fundamental importância. Já temos atuado por meio de campanhas educativas e também soluções nas plataformas das associadas, utilizando muita tecnologia para identificação de comportamentos nocivos e geração de alertas aos jogadores.

A regulamentação traz diretrizes importantes e favorece, principalmente, a formação de uma base de dados para que possamos compreender e atuar com maior precisão, além de municiar políticas públicas para coibir a ludopatia e o endividamento.

O que pensa da afirmação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que foi um erro ter legalizado as apostas online antes dos cassinos físicos?

Precisamos compreender que o jogo online é um modelo não apenas consolidado em outros países, mas já acessível pelos brasileiros via internet. Formalizar este mercado é fundamental, trazer a operação, fiscalização e arrecadação para o mercado nacional.

O jogo online sempre foi uma realidade, a legalização e a regulamentação são processos que promovem maior segurança, coibindo a atuação de empresas ilegais e sem compromisso com regras e o jogo responsável.

Quais são os benefícios de que desfrutam países que já têm mercados maduros e seguros? Como o Brasil pode ganhar com o avanço desse processo?

Países como Inglaterra, Estados Unidos e Austrália possuem anos de experiência e uma regulação madura. Isso implica em aprendizado e teste de soluções, uma evolução que culminou na profissionalização do setor.

Hoje, esses países são referência em iniciativas para coibir o comportamento compulsivo e também de políticas públicas que favorecem a transparência e o combate a crimes e fraudes. A regulamentação brasileira faz uso desta experiência e traz ainda soluções inovadoras como a autenticação facial, inédita no setor.

Fique à vontade para compartilhar uma mensagem final.

Mesmo com todos os esforços por meio da regulamentação, ainda é necessário investir na fiscalização de plataformas e promotores de ideias equivocadas. O jogo é entretenimento, não uma forma de ascensão social ou enriquecimento. Banir plataformas clandestinas e punir os disseminadores de informações falsas é primordial para o entretenimento sustentável e a proteção aos apostadores.

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