Ellen Sezerino: "Desejo genuíno de fortalecer as mulheres no setor torna a AMIG uma referência para o mercado"

Em 2024, a Associação de Mulheres da Indústria do Gaming (AMIG) consolidou sua presença na indústria de iGaming, com o objetivo de promover avanços em direção à equidade de gênero. O grupo já conta com mais de 700 mulheres associadas em menos de um ano desde a sua criação.

Além disso, a AMIG tem promovido networking estratégico, a realização de workshops educativos e o fortalecimento da visibilidade feminina em eventos, criando um espaço de acolhimento e apoio mútuo para suas integrantes.

Entre as ações planejadas para 2025, estão a participação em eventos internacionais, como o SBC Lisboa, e o lançamento de programas de mentoria e imersões, visando acelerar o desenvolvimento de habilidades e fomentar a inclusão de mais mulheres nas posições de destaque do mercado de jogos e apostas.

Em entrevista ao Yogonet, Ellen Sezerino, associada da AMIG, compartilhou as principais conquistas da associação até o momento, além das perspectivas para o grupo em 2025. Confira:

Quais foram os principais avanços conquistados pela AMIG em 2024 para promover a equidade de gênero na indústria de jogos e apostas?

Acho que o primeiro grande avanço da AMIG foi ter tido seu nascimento e, ao mesmo tempo, seu crescimento exponencial ao longo de 2024. Na minha opinião, isso se deve, sem dúvida, à capacidade e dedicação do grupo de fundadoras da entidade (Natalia Nogues, Teresa Caeiro, Luciana Hendrich, Bárbara Teles, Ana Helena Pamplona e Bárbara Teixeira), que transmitem segurança, passam seu vasto conhecimento da indústria e a sensação de que uma nova associada é sempre muito bem-vinda.

O resultado disso se traduz em números: hoje somos mais de 700 associadas em apenas nove meses desde sua criação. Além disso, é notório o apoio constante a cada nova integrante que chega à comunidade, seja na solução de dúvidas, na criação de relacionamentos ou na contribuição coletiva em projetos educativos e enriquecedores para o mercado de iGaming. É uma experiência que quando há um encontro o discurso é o mesmo: a sensação de pertencimento, acolhimento e a admiração.

Outro ponto, além de dar esse salto de participação e já com várias atividades em tão pouco tempo, a AMIG celebrará seu primeiro aniversário em março de 2025. A associação também tem como grande diferencial a promoção de networking estratégico, parcerias que beneficiem nosso maior propósito de equidade de gênero em nosso campo de atuação, ações educativas que realmente capacitem as associadas para que se tornem profissionalmente capazes de serem líderes e conquistar cada vez mais posições de destaque no mercado de trabalho.

Outro ponto ainda de avanço foi o trabalho para ampliar a visibilidade e a representação das mulheres na indústria de jogos e apostas. Todos os encontros e eventos da AMIG — sejam presenciais ou online — são protagonizados, ou em sua maioria, representados por figuras femininas e marcados por discussões de altíssimo nível, sempre com respeito mútuo, mesmo em temas polêmicos ou com opiniões divergentes, pois já possuímos essa cultura do debate saudável em nosso DNA e acreditamos que essa colaboração só acrescenta ao nosso próprio desenvolvimento.

O desejo genuíno de fortalecer as mulheres no setor, aliado a essa troca de conhecimento e à busca contínua por aprendizado e ao reconhecimento crescente na indústria, torna a AMIG uma referência indispensável para o mercado atual. Esses pontos de avanço, sem dúvida, refletem o impacto transformador da associação no curto período desde sua fundação.

Que impacto as ações de regulamentação do setor de iGaming em 2024 tiveram sobre a indústria de jogos?

A regulamentação do setor no Brasil tem tudo para ser um marco importantíssimo para a indústria. Ela pode trazer mais segurança para todos os envolvidos — operadores, jogadores, órgãos reguladores, fornecedores... enfim, todos os stakeholders da cadeia. Com a clareza jurídica que a regulamentação pode proporcionar, os benefícios são claros, e o mercado terá condições de se desenvolver de maneira mais saudável e estruturada, assim como já aconteceu em outros países.

Entre os impactos esperados, acredito que um dos principais será o foco em compliance ou conformidade com a regulação. As empresas que já operam ou que estão entrando no mercado brasileiro precisaram e precisam se adaptar às exigências regulatórias, como a implementação de políticas rigorosas para evitar fraudes, conhecer o cliente, prevenir lavagem de dinheiro, promover um jogo responsável, entre outros aspectos. Isso com certeza elevará o nível de profissionalismo no setor.

Além disso, tem a questão da geração significativa de empregos. A regulamentação já criou e se espera que crie ainda mais uma demanda por profissionais especializados em áreas como tecnologia, atendimento ao cliente, compliance, marketing, análise de dados, entre outras. Isso abrirá muitas oportunidades e contribuirá para a qualificação do mercado de trabalho no país.

Outro impacto será na competitividade regional. O Brasil já está sendo reconhecido como um dos mercados regulados mais promissores do mundo - o que atrai investimentos sérios e incentiva a profissionalização das empresas locais. Isso também exigirá que empresas estrangeiras se adaptem às particularidades do mercado brasileiro, trazendo inovação e boas práticas.

No geral, a regulamentação deve ser um divisor de águas, trazendo não apenas segurança jurídica, mas também fatores que têm tudo para colocar o Brasil em uma posição consolidada e de destaque no mercado global.

Quais projetos e iniciativas a AMIG está planejando para 2025 visando aumentar a participação feminina no setor de jogos?

A AMIG está se preparando para vários projetos e iniciativas em 2025 para consolidar ainda mais sua presença e ampliar a participação feminina no setor. 

A ideia é dar continuidade às iniciativas que já começaram em 2024 e que foram um sucesso (como nossos workshops focados em temas sempre emergentes, que alcançam mais de 100 telespectadoras) e aumentar ainda mais o engajamento de mulheres, trazendo novas associadas para a nossa comunidade.

Um dos principais projetos envolve a participação em mais eventos internacionais, como o SBC Lisboa e o BiS SiGMA, com a realização do famoso “Happy Hour da AMIG”, além de encontros de networking Brasil afora. Essas iniciativas têm sido fundamentais para engajar novas associadas, fomentar conexões entre as já integrantes da entidade e atrair olhares tanto da indústria, quanto de novos apoiadores que acreditam, apoiam a missão da AMIG e contribuem no impulsionamento e viabilização dos nossos projetos.

Ainda sobre nossos workshops, nosso calendário já está estruturado com temas de marketing logo em janeiro de 2025, um tema extremamente relevante neste momento de transformação do setor, principalmente com as novas regulamentações e as mudanças nas diretrizes para publicidade no mercado regulado. Sempre contamos com associadas painelistas e também convidados externos com bastante experiência para conduzir esses bate-papos fundamentais para aprendermos umas com as outras e nos mantermos atualizadas. 

Também estão sendo planejados programas de mentoria profissional e imersões para contribuir com o desenvolvimento de habilidades e acelerar as carreiras de nossas associadas.

Em resumo, o que a AMIG busca para 2025 é continuar a fortalecer ainda mais sua rede, incentivar o crescimento profissional e o empoderamento feminino para garantir que o setor de iGaming se torne cada vez mais inclusivo, com a presença de mulheres que fazem a diferença para que todos possamos caminhar juntos e, sobretudo, construirmos um segmento robusto e sustentável.

Quais tendências e inovações tecnológicas mais influenciaram o setor de iGaming no Brasil em 2024, e como essas mudanças devem moldar o mercado em 2025?

A regulação em si, a forma como foi desenhada, já trouxe uma inovação tecnológica. O próprio processo de cadastro de clientes nas plataformas, com reconhecimento facial, é um exemplo do uso de tecnologias e uma inovação em nível mundial. A tecnologia dos sistemas de apostas e os processos de certificação para garantir a conformidade com a legislação exigiram ajustes, especialmente nos processos de segurança de software e de informação, que antes talvez não tivessem tanta parametrização.

Essas mudanças trarão processos distintos e novos. Para responder a algumas perguntas do tipo “Como será a jornada do jogador que está buscando essa forma de entretenimento?”, ou “Como despertar o interesse pelos produtos?” e até mesmo “Os provedores de jogos terão que desenvolver para esse mercado gigante e tão amplo, precisando acompanhar esse ritmo e compreender quem é o seu público?” é preciso compreendermos que, tudo isso, sem dúvida, utiliza muito de inteligência artificial.

Os processos em toda a cadeia da indústria usam tecnologia de ponta, desde a necessidade de atender às obrigações com o órgão regulador, passando pela inovação dos jogos, até sistemas de pagamento ágeis e em conformidade.

Acredito que a grande expectativa será avaliar esse novo ambiente, agora regulado, nos próximos meses, e investir na educação sobre esse novo cenário. Isso é um fator fundamental para que o mercado se estabeleça de forma séria, respeitando a regulação e sendo sustentável para aqueles que buscam entretenimento, pois apostar não é um investimento, e sim uma forma de diversão. E, para quem está investindo no Brasil, isso será crucial nos próximos meses.