Entrevista com o sócio e COO da A2FBR

Angelo Alberoni: "A gente tem visto uma crescente muito grande de sites ilegais e uma fatia do mercado não está sendo canalizada"

05-03-2025
Tempo de leitura 3:29 min

Diretor técnico do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) entre junho de 2024 e janeiro de 2025, Angelo Alberoni traz também, em sua bagagem profissional, passagens pelas empresas Novibet, Betsson Group e Betcris.

O executivo ‒  atualmente sócio e COO da A2FBR, holding que opera seis marcas de apostas online no Brasil ‒  esteve presente no SBC Summit Rio e conversou com o Yogonet sobre o setor no país, ressaltando a preocupação da indústria com os operadores clandestinos e com a canalização dos apostadores para o mercado legal.

Na conversa, Alberoni disse também que a possível legalização dos cassinos físicos (que aguarda votação no plenário do Senado) ajudaria a desenvolver a indústria do jogo como entretenimento e não traria o risco de canibalização com outras verticais já existentes.

Confira:

Estamos completando dois meses desde a entrada em vigor da regulamentação das apostas de quota fixa. Como você avalia essa primeira fase da regulamentação? Muitas coisas precisam ser melhoradas ainda?

A regulamentação, de uma maneira macro, foi muito bem aceita pelo mercado. Agora, eu acho que a experiência desses primeiros dois meses é como que a autoridade reguladora vai mitigar o mercado, digamos, paralelo. 

A gente tem visto uma crescente muito grande de sites ilegais, a ausência de um combate mais efetivo em relação a essa ilegalidade e meios de pagamentos operando para esses sites ilegais, enquanto as marcas que pagaram R$ 30 milhões [para obter a licença federal] e que realmente fizeram muitos investimentos no Brasil do ponto de vista operacional e de marketing têm uma fatia de mercado que não está sendo canalizada.

Então, a percepção do mercado é como que a SPA [Secretaria de Prêmios e Apostas], especificamente, vai combater essa ilegalidade.

Semana passada, nós tivemos uma medida em que bloquearam, salvo engano, 2 mil ou 3 mil sites. Mas, a cada momento, eles criam novos IPs. Então, a gente precisa realmente entender quais medidas, principalmente do ponto de vista de pagamento, que a autoridade reguladora pode ajudar o mercado realmente a subir de uma maneira mais saudável dentro das normas. Acho que esse é o principal ponto.

Outro assunto que está na mídia é a questão de impedir beneficiários do Bolsa Família de apostar nas bets. O que você acha dessa medida?

Fora do Brasil, você já tem mecanismos para bloquear. Nos Estados Unidos, você tem certo bloqueio em relação a isso. Na Europa, em alguns países, também tem. No Brasil, as casas se colocaram à disposição do governo para realmente não aceitar o dinheiro de subsistência do Bolsa Família

Claro que envolve toda uma questão de liberdade, de entretenimento, enfim, é uma outra discussão. O grande ponto crucial é como cruzar essa base que a gente deveria ter acesso em relação ao Bolsa Família.

As marcas, em si, elas estão realmente abertas a encontrar uma solução para vedar que o beneficiário do Bolsa Família possa realmente apostar em jogos online e apostas esportivas. As marcas querem colaborar com o governo e a gente está aguardando uma diretriz do governo um pouco mais clara para realmente conseguir fazer esse bloqueio.

Existe muita expectativa em torno da legalização dos cassinos, jogo do bicho, dos bingos presenciais. Vamos imaginar que ela foi aprovada e sancionada. O país vai ter cassino, jogo do bicho, bingo, loterias da Caixa, apostas online. Você não acha que existe o risco de ter uma canibalização do mercado, da bolha estourar? Ou tem espaço para todo mundo no Brasil?

O Brasil talvez tenha sido o único país que regulamentou primeiro a aposta online em relação à aposta física, o land-based. É natural que, em países desenvolvidos, você também tenha o jogo físico, o cassino. Aqui no Brasil tem a peculiaridade do jogo do bicho, que é um jogo muito local. Não consigo enxergar uma canibalização do jogo em si para um ou outro canal. O jogo, de uma maneira geral, é mega válido para toda a indústria. Então, quando você traz o cassino físico pra cá, você está desenvolvendo a indústria do jogo como entretenimento.

Sou muito a favor da legalização do cassino. O Brasil teve cassino legalizado até 1946. O Copacabana Palace era um grande expoente do cassino brasileiro. Eu acho que o Brasil, no seu DNA, tem o jogo. Agora, é claro que envolve outras questões sociais, questões de educação. Mas eu não consigo enxergar a chegada do cassino físico, a chegada do jogo físico, afastando usuários de um ou outro canal. Acho que é uma coisa para potencializar todas as verticais.

Você pode falar um pouco sobre sua nova empreitada no mercado, a A2FBR?

A A2FBR, que é de um amigo que me trouxe para esse universo há 15 anos, é uma holding com duas licenças.

Temos seis marcas embarcadas nesse grupo: Pinnacle, Matchbook, Betespecial, BetBra, Bolsa de Apostas, Fulltbet. Esse grande amigo, que é dono dessa empresa, quase que me convocou para voltar. Então, hoje eu sou um dos sócios e COO do grupo. Uma empresa 100% brasileira, feita por brasileiros. Minha função é estruturar essa operação e colocá-la entre as principais marcas, grupos no cenário brasileiro.

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