DUAS DÉCADAS COMO APOSTADOR

Ex-apostador compulsivo relata trajetória de recuperação na CPI das Bets

André Rolim (Imagem: Saulo Cruz/Agência Senado)
26-03-2025
Tempo de leitura 1:33 min

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets ouviu nesta terça-feira, 24 de março, o depoimento do empresário André Holanda Rodrigues Rolim, que compartilhou sua luta contra o vício em jogos online. Após duas décadas como apostador, ele está há quatro anos sem jogar, mas precisou passar por uma internação de quatro meses em uma clínica especializada para se reabilitar, afirma reportagem da Agência Senado.

Durante seu depoimento, André revelou os impactos devastadores da ludopatia, transtorno mental reconhecido que afeta jogadores compulsivos. Ele relatou ter enfrentado impaciência, isolamento social, agressividade e até pensamentos suicidas. Além disso, perdeu bens importantes, como sua casa e seu carro, e acumulou dívidas significativas ao recorrer a empréstimos de bancos, familiares e até agiotas.

"Hoje, meu objetivo ao prestar esse depoimento é alertar sobre os danos que esse vício pode causar. Perdi dinheiro, quase perdi minha família, minha sociedade com meu pai e cheguei a um ponto crítico da minha vida. O que mais me preocupa é ver jovens entrando nesse universo com a ilusão de que é uma renda extra ou um investimento seguro. Isso me assusta profundamente", confessou.

Outro ponto levantado por André foi a estratégia utilizada pelas plataformas de apostas para manter os jogadores ativos. Ele afirmou que os sites oferecem incentivos, como passagens para destinos luxuosos como Las Vegas e Punta del Este, para aqueles que fazem grandes apostas. Além disso, segundo ele, os algoritmos monitoram o comportamento dos usuários e disponibilizam bônus para mantê-los engajados no jogo.

A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), destacou a importância do testemunho de André para embasar futuras políticas públicas que visem reduzir os danos causados pelo vício em apostas. "A coragem de relatar essa experiência é fundamental. O vício em jogos online é silencioso, diferente do álcool e das drogas, e está acessível 24 horas por dia. Precisamos agir para minimizar os riscos e proteger a população", disse ela. 

André também criticou a participação de jogadores de futebol e influenciadores digitais na publicidade das plataformas de apostas. Para ele, a melhor forma de combater a disseminação do vício seria a proibição dessas propagandas, seguindo o modelo adotado para o cigarro.

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