O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT), afirmou nesta terça-feira, 15 de abril, que a Polícia Federal (PF) investiga um possível esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o uso indevido de CPFs de beneficiários do Bolsa Família em sites de apostas.
A declaração foi feita durante sua participação no programa Bom Dia, Ministro, transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação.
Segundo Dias, a apuração foi iniciada após o Banco Central detectar, no ano passado, que cerca de 5 milhões de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões a sites de apostas via Pix. O dado levantou suspeitas e levou o ministério a solicitar investigações mais aprofundadas.
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“Quando o Banco Central divulgou o volume que ele encontrou, eu suspeitei, porque não batia com os dados cruzados com o nosso sistema de monitoramento do Bolsa Família. E ali pedi uma investigação à Polícia Federal. Se tem um volume de dinheiro que não bate com os que estão usando o cartão do Bolsa Família, então tem alguém que pode estar usando o CPF, e isso está em andamento”, disse, segundo a Agência Gov.
O ministro destacou que os primeiros indícios colhidos apontam para a prática de lavagem de dinheiro usando dados pessoais de beneficiários, sem o conhecimento deles.
“Hoje já se tem as primeiras provas de que muitas vezes faziam lavagem de dinheiro usando o CPF de uma outra pessoa que nem sabia. Porque a movimentação era um volume que não tem nem cabimento. A pessoa dizia assim: ‘Deus me livre de ter esse tanto de dinheiro’. Ou seja, ela nem desejava ter esse tanto de dinheiro”, afirmou.
“Aqui é assim, direito para quem tem direito. Nós queremos alcançar todas as pessoas que ainda não alcançamos e que estão aí passando necessidade. Mas também garantir o cumprimento da lei. Onde tiver fraude, onde tiver qualquer crime, a gente vai agir e agir de maneira muito firme”, completou o ministro.
Apesar dos números expressivos revelados pelo Banco Central, Dias ponderou que o percentual de beneficiários que teriam usado o cartão do programa para apostas é pequeno: 3,4%, segundo cruzamento de dados realizado pela pasta.
“Quando saiu o relatório do Banco Central, eu imediatamente procurei a direção, as pessoas que fizeram a pesquisa. Fizemos um cruzamento de dados. O Brasil vive um problema dramático, eu chamo a atenção. Nós estamos falando de aproximadamente 52% da população que joga. E quando a gente olha o público do Bolsa Família que utilizou o cartão, utilizou ali os recursos, 3,4%. Então tem aqui uma distância muito grande”, afirmou.
Dias também relatou medidas adotadas para restringir o uso indevido dos recursos do Bolsa Família em apostas online, como o bloqueio da função crédito em cartões do programa e ações integradas com o Ministério da Saúde para tratar a dependência em jogos.
“O dinheiro, todo mundo sabe, é para a insegurança alimentar, para as necessidades da família. E o que fizemos? Adotamos medidas que valeram para todos os cartões de crédito, para não se ter mais o uso. E passamos também a atuar com o Ministério da Saúde e estamos atendendo aproximadamente 190 mil pessoas que a gente chama de dependentes de jogos. São aquelas pessoas que jogam quase que todo dia. É um vício, vamos chamar assim”, explicou.