A defesa do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, se manifestou oficialmente após o jogador ser indiciado pela Polícia Federal por suspeita de participação em um esquema de manipulação de resultados e fraude em apostas esportivas. Em nota assinada pelo advogado Ricardo Pieri Nunes, o atleta nega qualquer envolvimento com práticas ilícitas relacionadas ao setor.
De acordo com a nota, publicada pela TNT Esportes, Bruno Henrique "nunca esteve envolvido em esquemas de apostas" e tem posição crítica em relação ao setor. A defesa também contesta a forma como as informações estão sendo divulgadas à imprensa.
A menção a mensagens privadas fora de contexto é uma das principais críticas da defesa, que promete esclarecer os fatos ao longo do andamento do processo. O caso ganhou notoriedade após o nome do jogador aparecer entre os investigados pela Polícia Federal em uma operação que apura fraudes relacionadas a apostas esportivas.
O Flamengo ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Leia a nota na íntegra:
"O atleta Bruno Henrique é conhecido e respeitado por sua simplicidade e comprometimento com o esporte. Nunca esteve envolvido em esquemas de apostas. Pelo contrário, acredita que o negócio de apostas deveria sofrer cada vez mais restrições pelas autoridades. As distorções que estão sendo causadas pela interpretação e divulgação indevida de mensagens privadas, fora de contexto, serão esclarecidas no curso do processo. O atleta confia que o Poder Judiciário oportunamente corrigirá a injustiça que está sendo cometida."
Em novembro de 2024, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bruno Henrique, incluindo o centro de treinamento (CT) do Flamengo. O celular do jogador foi apreendido e, em mensagens, os investigadores encontraram indícios da manipulação. Em uma das conversas, o irmão de Bruno pergunta quando ele tomaria o terceiro cartão amarelo, e o atleta responde: "Contra o Santos".
As investigações começaram após três casas de apostas identificarem movimentações atípicas em relação à advertência recebida pelo atacante naquela partida. Em uma delas, 98% das apostas de cartões estavam direcionadas a Bruno Henrique; em outra, 95%.
Na ocasião, o jogador entrou em campo pendurado e foi advertido com cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo, após falta em Soteldo. Em seguida, reclamou e foi expulso. Até aquele jogo, Bruno havia recebido cinco cartões em 22 partidas no campeonato.
Mesmo diante das suspeitas, o Flamengo não afastou o atleta, que se manifestou poucos dias depois, ao fim da campanha vitoriosa na Copa do Brasil:
“Minha vida e a minha trajetória, desde que comecei a jogar futebol, nunca foram fáceis. Mas Deus sempre esteve comigo. Estou tranquilo em relação a isso, junto com meus advogados, empresários e pessoas que estão nessa batalha comigo. Peço que a justiça seja feita.”
O caso também chegou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que decidiu não instaurar inquérito. Segundo o tribunal, "a Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador.”
Agora, o relatório da PF será analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, responsável por decidir se oferece ou não denúncia contra os investigados.