O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) quer saber se o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, apagou mensagens do próprio celular com o objetivo de ocultar provas no caso que apura um suposto esquema de manipulação de resultados vinculado a apostas, segundo reportagem do Metrópoles.
O jogador foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por estelionato e fraude em competição esportiva. Agora, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) farão uma nova análise do material recolhido, incluindo as mensagens citadas no indiciamento.
A defesa do atacante Bruno Henrique se manifestou oficialmente após o jogador ser indiciado. A menção a mensagens privadas fora de contexto é uma das principais críticas da defesa, que promete esclarecer os fatos ao longo do andamento do processo.
Segundo o relatório da PF, Bruno Henrique tinha 3.989 conversas salvas no WhatsApp, mas parte dos diálogos pode ter sido apagada, levantando suspeitas de ocultação de provas. Os investigadores querem verificar se houve exclusão intencional de mensagens, o que poderá reforçar a acusação contra o jogador.
A intenção do MP é realizar uma apuração minuciosa antes de formalizar uma possível denúncia. Para os promotores, uma análise sólida exige mais do que o conteúdo filtrado pela PF, especialmente porque Bruno Henrique, familiares e apostadores investigados foram alvo de uma operação conjunta entre a PF e o Ministério Público.
A hipótese de um acordo judicial com o atleta está descartada. Os crimes atribuídos a Bruno Henrique não se enquadram nas exigências do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), válido apenas para delitos com pena mínima inferior a quatro anos, destacou a reportagem do Metrópoles. Enquanto isso, a Polícia Federal mantém as investigações ativas.
Em novembro de 2024, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bruno Henrique, incluindo o centro de treinamento (CT) do Flamengo. O celular do jogador foi apreendido e, em mensagens, os investigadores encontraram indícios da manipulação. Em uma das conversas, o irmão de Bruno pergunta quando ele tomaria o terceiro cartão amarelo, e o atleta responde: "Contra o Santos".
As investigações começaram após três casas de apostas identificarem movimentações atípicas em relação à advertência recebida pelo atacante naquela partida. Em uma delas, 98% das apostas de cartões estavam direcionadas a Bruno Henrique; em outra, 95%.
Na ocasião, o jogador entrou em campo pendurado e foi advertido com cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo, após falta em Soteldo. Em seguida, reclamou e foi expulso. Até aquele jogo, Bruno havia recebido cinco cartões em 22 partidas no campeonato.
Mesmo diante das suspeitas, o Flamengo não afastou o atleta, que se manifestou poucos dias depois, ao fim da campanha vitoriosa na Copa do Brasil:
“Minha vida e a minha trajetória, desde que comecei a jogar futebol, nunca foram fáceis. Mas Deus sempre esteve comigo. Estou tranquilo em relação a isso, junto com meus advogados, empresários e pessoas que estão nessa batalha comigo. Peço que a justiça seja feita.”
O caso também chegou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que decidiu não instaurar inquérito. Segundo o tribunal, "a Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador”.
Agora, o relatório da PF será analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, responsável por decidir se oferece ou não denúncia contra os investigados.